Um “Chicago Boy” que já serviu a Pinochet

Em 1974, Paulo Guedes ingressou no Departamento de Economia da Universidade de Chicago, com auxílio de bolsa do CNPQ. Pois é, o Estado brasileiro bancou seu possível algoz.

Guedes construiu fortuna no mercado financeiro. Ao lado de André Jakurski e Luiz Cezar Fernandes, fundou o banco de investimentos Pactual em 1983, que hoje é conhecido como BTG Pactual, empresa também foi envolvida no escândalo da Lava Jato. Na mesma época, assumiu a vice-presidência executiva do Ibmec, faculdade voltada ao ensino de finanças e negócios, e que hoje tem grande interesse no fim da universidade pública no Brasil.

Antes como professor universitário, ainda nos anos 1980, lecionou no Chile durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1989). Dando aulas na Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas da Universidade do Chile, a convite de Jorge Selume Zaror, espécie de porta-voz no núcleo duro empresarial de Pinochet. O economista é Ph.D. pela Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, conhecida por formar economistas ultraliberais, como Milton Friedman e Thomas Sargent.

Além disso, o “Posto Ipiranga” de Bolsonaro é um dos fundadores do Instituto Millenium, uma “Think tank”, financiada por milionários brasileiros que se dedica a produzir e difundir informações sobre o liberalismo econômico, defesa radical do Estado Mínimo com privatizações . É bom lembrar que Guedes é alvo de investigação pela Força-Tarefa da Operação Greenfield, que investiga fraudes em fundos de pensão, incluindo a Petros, com base em relatórios da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) que apontam indícios de fraudes nos aportes feitos pelos fundos de pensão em dois fundos de investimentos criados pela BR Educacional Gestora de Ativos, empresa do “Chicago Boy” de Bolsonaro.

“Beato Salu”

Em 1983, o economista Paulo Guedes tornou-se estrategista-chefe do Pactual e passou a escrever boletins diários, quase sempre com duras críticas à condução da política econômica. Poucos anos depois, em 1986, o país viveria o Plano Cruzado, que estabeleceu um congelamento de preços. Guedes ganhou do tucano Mendonça de Barros o apelido “Beato Salu”. Era uma referência ao personagem do ator Nelson Dantas na novela “Roque Santeiro” (exibida pela Rede Globo entre 1985 e 1986), que era uma espécie de mensageiro do apocalipse. Será que Guedes vai fazer jus ao apelido?

 

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