Leia este artigo-denúncia que chegou ao Sindipetro-RJ de forma anônima sobre a irresponsável venda de tecnologia no Centro de Pesquisas da Petrobrás

Maiza e Travassos fazem a xepa do CENPES

Depois de destruir os laboratórios de pesquisa do CENPES, vendendo como ferro velho equipamentos de alta tecnologia; transformar o que sobrou em laboratórios de prestação de serviços; e ainda terceirizar o desenvolvimento de tecnologia do CENPES; só resta iniciar a venda a preço de banana do acervo tecnológico das patentes.

Veja a documentação: https://tecnologia.petrobras.com.br/

A desculpa de que não está pondo à venda, mas licenciando, e que vai ganhar milhões, é para enganar quem não entende a dinâmica do desenvolvimento de tecnologia.

Uma patente protege uma parte intelectual do invento, porém, para transformar uma patente em realidade, é preciso ter o conhecimento do “saber fazer” – o “know how”. Portanto, se uma empresa se interessa por uma patente, o CENPES obrigatoriamente terá que partilhar o seu conhecimento, e, em certos casos dar assistência técnica.

Logo, a equipe da Gerência Inovação (GIT), gerente Luiz Felipe de Carvalho, está falseando com a verdade ao querer dizer que licenciamento não é venda, pois ambos redundam no mesmo resultado: a transferência do “know how” do CENPES de forma irresponsável.

Além disto, a GIT usa da ignorância da população ao estimar um retorno financeiro milionário. O próprio CENPES já realizou trabalhos de aprendizado a partir de patentes, sendo isso possível somente com uma grande atividade de prospecção na literatura e experimentos laboratoriais. Em seguida ao domínio da tecnologia trabalha-se pelo seu aperfeiçoamento até conseguir depositar uma patente própria. Neste ponto, a empresa passa a usar sua própria patente, deixando de pagar licença.

Olhando as patentes disponibilizadas, para quem conhece a história do CENPES, salta aos olhos a falta de critério.

É realmente a xepa!

É a mesma prática dos liberais bolsonaristas de vender ativos. O mantra desses liberais é: tudo é melhor quando feito pela iniciativa privada. Melhor ainda se essas privadas forem empresas gringas. A mentalidade colonialista.

O licenciamento de tecnologia deve ser feito caso a caso, atendendo a critérios estratégicos bem definidos, comprometidos com uma política séria de conteúdo nacional e com a capacitação de empresas nacionais e que não estejam trabalhando pelo desmonte do CENPES em particular ou da Petrobrás como um todo.

A falta de critério e as falsas justificativas reforçam nossa certeza de que essa iniciativa é movida por outros motivos!

É triste: a Petrobrás não tem um bom histórico de defesa de seu conhecimento tecnológico e de suas patentes, como sabemos, por exemplo, das histórias recentes do xisto e do trambique em que caiu com a negociação do processo Petrosix.

Não fossem tais fatos suficientes para justificar a remoção de cargos desses gestores (ativos ao longo dos últimos anos e completamente submissos aos desmandos da gestão bolsonarista) e apuração de responsabilidade, temos que lembrar a conivência da gestão no CENPES com diversos assédios. É do conjunto da gestão a responsabilidade pelo ambiente de violência instaurado e não se ouviu até agora um pedido de desculpas, uma retratação, apenas justificativas e provisões de ações futuras.

Não seria esse desrespeito (para dizer um mínimo) em relação aos inventores, que não foram sequer consultados sobre a escolha para licenciamento dos seus trabalhos intelectuais patenteados, também uma ato (mais um) de violência?

O fato da patente pertencer à Petrobras não significa que seus inventores não existam, dada a forma de tratamento da Petrobrás. No passado, costumavam ser consultados sobre futuro das patentes, pois muitas vezes existem estratégias de patenteamento associadas à continuidade dos trabalhos.

Ao se arvorar dono das patentes e decidir sem consultar os inventores, a GIT agiu de forma desrespeitosa e imoral embora possa até ter algum respaldo legal, tratando os inventores como insignificantes e descartáveis, que produzem inventos para que os mais espertos se aproveitem.

Arrogância, violência, falta de ética, profunda ignorância são métodos antigos de gestão, amplamente disseminados no Sistema Petrobrás.

Será que esses atos de violência reiterados, que configuram verdadeiro assedio intelectual, também só serão tratados depois que virarem escândalo?

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