Violência policial marca remoção da ocupação em terreno da Petrobrás, uma morte já foi confirmada

Advogados do Sindipetro-RJ estiveram presentes no local e informam que oficialmente há a confirmação de uma morte após a ação policial de reintegração do terreno da Petrobrás em Itaguaí-RJ

Existem relatos de que crianças foram feridas, tendo inclusive uma de um ano de idade sido atingida por um disparo de bala de borracha na boca. Os advogados neste momento acompanham uma mulher grávida, Fabiana Dutra Carneiro, agredida que foi conduzida à delegacia local sob acusação de resistência a ação policial.

“ Eles (polícia) chegaram às 5h da manhã dizendo que tinham uma ordem de despejo para desocupação do terreno. Daí fizemos barricadas de madeira para tentar resistir. Nos deram meio hora para abandonar a ocupação, e partir de 06h15 intensificaram as ameaças de invasão com bombas de gás lacrimogênio, mesmo com a gente informando que havia muitos idosos e crianças na ocupação. Eles começaram a disparar jatos de água, derrubando barracos e pessoas no chão, e também bombas. Além disso fizeram disparos de bala de borracha, acertando o rosto de três pessoas, machucando gravemente também quatro crianças” – relata Fabiana que é assistente social.

“Me prenderam com a alegação de ser a líder da invasão e da resistência, sendo que fui agredida com um tapa no rosto e sofri xingamentos, e machucaram o meu braço” – detalha.

Ainda segundo o relato de Fabiana uma idosa infartou, falecendo posteriormente enquanto se refugiava no barraco para se proteger da invasão policial. Fabiana relata ainda que outros três idosos podem estar mortos no local.

A mando da direção da Petrobrás

Nesta manhã de quinta-feira (01/07) cerca de 400 famílias do “Campo de Refugiados Primeiro de Maio”, uma ocupação localizada no município de Itaguaí-RJ em uma área abandonada que pertence à Petrobrás, sofrem um violento processo de remoção a partir de uma ação do Batalhão de Choque da Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMERJ) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE) que cumprem um mandado de reintegração de posse obtido pela empresa.

O Sindipetro-RJ, em nome da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), e os seus sindicatos filiados presta solidariedade às famílias, lembrando o caráter desumano de uma ação policial deste tipo que despeja e agride pessoas em meio a pandemia da COVID-19. A hierarquia da Petrobrás, por sua vez, mostra uma face perversa ao coadunar com a violência policial para justificar a retomada de um terreno abandonado que deveria ter utilidade social em um momento como este.

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