Witzel finalmente é afastado do cargo

O ex-juiz federal ficou notável como governador ao usar um helicóptero para ir à ponte Rio-Niterói comemorar de forma exagerada a morte de um sequestrador com perfil psicótico e ao orientar a polícia a matar bandidos: “mirar na cabecinha e… fogo! Para não ter erro”

Por decisão do ministro do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), Benedito Gonçalves, nos primeiros horários da manhã desta sexta (28), Wilson Witzel (PSC) foi afastado do cargo de governador do estado do Rio de Janeiro enquanto que uma operação da Polícia Federal realizou 17 mandados de prisão, entre elas a de aliados de Witzel: Helena Witzel (advogada, casada com Witzel), Lucas Tristão (advogado, ex-secretário de Witzel e considerado seu braço direito), o pastor Evaldo (presidente nacional do PSC), Mário Peixoto (empresário) e Gothardo Lopes Netto (empresário e ex-prefeito de Volta Redonda). Houve 83 buscas e apreensões e um dos atingidos foi o vice-governador, Cláudio Castro, que mesmo assim deverá assumir o cargo de governador pelos próximos seis meses.

Risadas no “circo”

Com total desrespeito à população que trabalha para pagar impostos e sustentar os governantes e seus luxos, Witzel usou o mesmo tom de deboche de Bolsonaro. Enquanto o presidente mostrou divertimento com a situação dando risadas, Witzel chamou a operação de “circo” e resumiu o caso a uma perseguição política. Hoje, os dois são desafetos, porque Witzel mostrou ambição à sucessão presidencial, mas nas eleições de 2018 foram aliados e inclusive Witzel só se elegeu devido à dobradinha que fez com Flávio Bolsonaro, que concorreu e se elegeu, pelo RJ, ao Senado.

Governo baseado em propinas

Segundo denúncia, entre agosto de 2019 e abril de 2020, Witzel recebeu R$ 274 mil em 21 oportunidades como governador do estado com o apoio de Helena Witzel e Lucas Tristão. O escritório de direito de Helena Witzel está no centro das investigações desde maio deste ano. Segundo o Ministério Público Federal, o dinheiro foi pago pelo empresário Mário Peixoto para que o governador permitisse a recuperação da qualificação do Instituto Unir Saúde para atuar no governo.

Em outras quatro ocasiões, de março a maio, houve mais R$ 280 mil em propina. Segundo o MPF, os valores foram pagos pelo empresário e ex-prefeito de Volta Redonda, Gothardo Lopes Netto, para que o governador o beneficiasse com uma resolução a GLN Serviços Hospitalares e Assessoria Ltda, que pertence a Lopes Netto. Importante lembrarmos que esta ação em Volta Redonda não é por acaso, pois é na cidade onde está localizado o Hospital público Zilda Arns, responsável pelo atendimento de toda a população da região do Médio Paraíba.

Organizações públicas nas mãos do pastor

O pastor Everaldo foi citado na delação premiada do ex-secretário de saúde, Edmar Santos, por ser totalmente influente no Palácio Guanabara. O ex-secretário foi preso por corrupção e, segundo ele, quem mandava nas contratações e orçamentos na saúde, no Detran e na CEDAE era o pastor. No currículo de Evaldo destaca-se o cargo de chefe da Casa Civil de Antonhy Garotinho, na candidatura à Presidência da República em 2014.

Vídeo na internet: Pastor Everaldo “batiza” Jair Bolsonaro em 2016 no rio Jordão em Israel

Processo de impeachment vai tramitar na ALERJ

No início de agosto, a ALERJ recorreu da decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, que travou o rito de impedimento de Witzel, argumentando que havia cumprido a Lei Federal 1.079/50 que regulamenta o julgamento de crimes de responsabilidade.
Nesta sexta (28), revogando a decisão de Toffoli, o ministro do STF, Alexandre de Moraes decidiu manter a tramitação do processo. Para Moraes, não houve qualquer irregularidade na ALERJ durante a formação da primeira comissão para o rito de impeachment.

Agora é acompanhar esse processo e lutar pelo Fora, Witzel definitivo.

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