Ataque à covereadora Carol Iara revela urgência do combate ao neonazismo

Na madrugada desta quarta (27), a covereadora de São Paulo da bancada feminista do PSOL, Carol Iara, sofreu atentado a tiros em sua casa. Foram disparados dois tiros para dentro de sua residência. O partido e a equipe estão mobilizando parlamentares e movimentos sociais para que seja exigida a investigação rigorosa da ocorrência.

Carol é mulher intersexo, travesti, positivaHIVa e negra. Características que não agradam aos neonazistas, extremistas e defensores das políticas de ódio. Cada vez mais, desde a eleição de Jair Bolsonaro, essas ações estão se alastrando por todo o país e permanecem na maioria das vezes na impunidade.

Perseguições avançam no Brasil

Em Curitiba (PR), Ana Carolina Dartora – primeira vereadora negra eleita nos 327 anos da Câmara Municipal de Curitiba e a terceira mais votada na capital em 2020 – recebeu em dezembro, e-mail com ameça de morte: “Eu juro que vou comprar uma pistola 9mm no Morro do Engenho e uma passagem só de ida para Curitiba e vou te matar.”

Segundo registros policiais, um mesmo remetente, já identificado como integrante de célula neonazista que atua na internet, enviou e-mails ameaçadores também para Ana Lúcia Martins (Joinville-SC), também primeira mulher negra eleita vereadora na cidade; e para as vereadoras trans Duda Salabert (Belo Horizonte-MG) e Benny Briolly (Niterói-RJ).

No caso de Ana Lúcia Martins, há registros de comentários via conta falsa nas redes que abertamente a ameaçaram: “agora a gente precisa matar ela para o suplente, que é um homem branco, assumir”, comprovando a motivação racista.

Na atual conjuntura, diante do desgoverno Bolsonaro que não age para coibir ações desses neonazistas, ao contrário, estimula, não é difícil que haja uma repetição do caso Marielle Franco. Segundo a antropóloga Adriana Abreu Magalhães Dias, precursora no Brasil de pesquisas sobre o neonazismo com tese de doutorado pela Unicamp : “existem muitos grupos, cada um deles com um ou várias células que às vezes partilham da mesma base”. Com 15 anos de pesquisa, ela afirma que “há grupos antigays, de supremacia branca, hitleristas. Todos com o objetivo de desmanchar a humanidade de uma pessoa, de impedir que ela tenha sua personalidade reconhecida”.

Investigação, já!

Em nota pública sobre o caso Carolina Iara, o PSOL informa que foram tomadas medidas urgentes de segurança para a covereadora e família e afirma que : “não podemos permitir que uma mulher preta, travesti e intersexo seja silenciada com violência. Fascistas não passarão!”

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