Complexo CENPES/CIPD: política de abandono da direção da Petrobrás agrava situação da Unidade

O incêndio ocorrido no último final de semana no CIPD do CENPES mais uma vez escancara o abandono das unidades do sistema Petrobrás.

Um trabalhador, cuja identidade preferimos preservar, relata como a gerência local precarizou a operação do CIPD : “A gerência retirou do prédio o operador da área, instituindo o ‘operador de campo’ que fica em uma sala distante do prédio. Antes o operador tinha mais contato com os equipamentos, já que estava dentro do prédio e com qualquer deslocamento poderia identificar desvios. Hoje o profissional que fazia isso está confinado em uma sala fora do CIPD. O mesmo ocorre com o operador da Expansão, que atende aos escritórios e laboratórios, sem contar que no CIPD tínhamos dois operadores; um atuava no painel e outro na área. Atualmente, o operador de painel divide atenção com o painel da CUTIL, área de alta complexidade, e assim acaba ficando desguarnecido, e o ‘operador de campo’ acaba por trabalhar em outra área” – denuncia.

Nossa fonte explica que em realidade “não existe mais o operador do CIPD, ele mal vai ao prédio para fazer a rotina”.

A alteração aconteceu após um “acordo” com a gerência de SMS, o que o ocasionou abertura da porteira. “Agora não temos o número mínimo. Existia a definição no padrão de resposta a emergências do SMS do CENPES, o padrão foi revisto e suprimido estes números, ou seja, hoje trabalhamos com o número mínimo que convenha ao supervisor do horário” – explica o trabalhador.

O desconhecimento da realidade do CENPES e o tom de arrogância de quem chega para gerenciar o caos, seguindo a cartilha da direção de Petrobrás de cortes e precarização, agrava a situação na Unidade. “A situação piorou com a chegada de Diego e Ramon (gerente de operação e manutenção e supervisor, respectivamente), que vieram da REFAP. Ambos querem implantar um cenário de refinaria que não tem similar e não se enquadra na operação. Para eles, o CENPES é uma Unidade só e um operador de campo atuaria em todas as áreas, só que não estamos falando de áreas contíguas e nem da diferente complexidade de cada área. Temos quatro plantas : CIPD, CUTIL, Expansão/ laboratórios e CENPES original”.

Dada a complexidade da Unidade é preciso que se adote números mínimos para cada área, sem deixar em aberto como atualmente ocorre.

O Complexo CENPES/CIPD já foi palco de vários eventos de princípio de incêndio, além de outros acidentes e incidentes de elevado potencial de risco, os quais são acompanhados pelo Sindipetro-RJ e pela CIPA em Comissões de Investigação.

Hoje é flagrante que o Complexo não atende sequer aos requisitos da NR-13, em que até mesmo uma situação atual de Risco Grave e Iminente (RGI) em caldeira foi reportada pelo Sindicato em Carta n. 240 – Relatório da caldeira GV-2202 à gestão do CENPES, a qual não se dignou a responder e tampouco providenciar. Em outro ofício, o Sindicato também cobrou informações sobre as demais caldeiras do Complexo através da Carta n. 260 Complexo CENPES – CIPD e ilegalidade perante a NR-13. Vejamos se a resposta irresponsável será novamente o silêncio e a omissão.

 

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