Desmistificando com números a lenda de quem trabalha na Petrobrás é “marajá”

A partir deu seu perfil em uma mídia social o petroleiro Marcelo Gauto, também um especialista em Petróleo, Gás e Energia, publica artigos com uma abordagem bem aprofundada sobre questões bem atuais que envolvem o universo da Petrobrás. Alguns de seus textos têm chamado atenção da categoria petroleira, pois envolve um tema que é tratado com muita desinformação pela grande mídia, como por exemplo, o custo de salários e benefícios dos empregados da Petrobrás.  Erroneamente, ou até propositalmente, a mídia e seus “especialistas” pinçam que quem trabalha na Petrobrás é um verdadeiro “marajá”.

Quem participa de grupos de Whatsapp já deve ter visto uma tabela comparativa de remunerações de trabalhadores da Petrobrás com as de outras companhias petrolíferas como Shell, BP, Equinor (Statoil), Total, e, claro, Petrobrás.

“O senso comum diz que ganhamos demais, então fui avaliar. A comparação pra ser justa tem que considerar os mesmos cargos, empresas do mesmo ramo e porte. É o famoso comparar batatas com batatas. Foi o que eu tentei fazer, utilizando os principais concorrentes como pares. Há limitações na conclusão, é verdade, mas os números demonstram que os gastos com salários e benefícios são percentualmente semelhantes entre as empresas avaliadas” – explica.

O especialista listou o número de empregados das empresas, o custo anual somente com salários, receita operacional e o percentual da receita que é gasto com salários nos últimos três anos. Os valores estão expressos em bilhões de dólares para as multinacionais e em bilhões de reais para a Petrobrás.

Marcelo Gauto observa que o gasto da Petrobrás com salários está na média das demais companhias de petróleo. E que as oscilações anuais ocorrem, principalmente, por alterações no número de empregados, custeio e faturamento.

Neste sequencial de tabelas, são apresentados  salários e outros benefícios concedidos aos empregados, conforme consta nos relatórios das empresas.

Repare que novamente, a Petrobrás apresenta um gasto percentual médio alinhado as demais petrolíferas, considerando o pacote de benefícios como um todo. A partir da análise das tabelas pode-se concluir que o custo com salários e benefícios da Petrobrás é similar aos players de mercado com a qual ela concorre. Por que será que a grande mídia nunca fez esse tipo de comparativo?

“Você lembra que nos anos de 2006 a 2013, a Petrobrás perdeu muita gente boa para o mercado, no boom da descoberta do Pré-Sal, e da economia aquecida? É neste contexto que vivemos hoje, com a empresa concorrendo de igual pra igual, disputando espaço com os gigantes do petróleo. Para reter as pessoas, é necessário investir nelas. Todas as empresas fazem isso. Se temos bons salários é porque nossos concorrentes também têm. Quem conhece o mercado brasileiro de óleo e gás somos nós e você não forma mão de obra qualificada como a nossa do dia pra noite” – pontua Gauto. Vale lembrar que a empresa lançou o PDV 2019, que pretende diminuir a força de trabalho em mais de 4 mil trabalhadores.

O levantamento do petroleiro leva em conta os balanços publicados nas próprias páginas das empresas citadas, que estão disponíveis em seus respectivos sites.

Mídia papagaio

É de suma importância que a partir de dados como esses as representações sindicais da categoria ganhem mais subsídios para que em mesas de negociação, como ocorre neste momento para o ACT da categoria petroleira, apresente a direção da empresa contra argumentos embasados para derrubar a retórica dos chefões de que os empregados da Petrobrás já possuem salários e benefícios que são fora da realidade do mercado. Discurso esse que a mídia acaba repetindo como “papagaio”, sem apresentar qualquer contraponto, fazendo questão de não consultar as federações e sindicatos petroleiros.

 

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