EUA pedem aumento da produção da Petrobrás para garantir preço barato à sua população

Enquanto isso, aqui no Brasil, combustíveis seguem em alta com preço que inviabiliza aos mais pobres a compra de um botijão de gás, que já custa, em algumas regiões do país, R$ 150

É isso mesmo que você leu, o ministro de Minas e Energia do governo Bolsonaro, Bento Albuquerque informou ao jornal Valor Econômico que no último dia 10/03, em uma videoconferência com a secretária de energia dos Estados Unidos, Jennifer Granholm, recebeu o pedido oficial do governo estadunidense para que o Brasil aumente sua produção de petróleo.

“Os países que têm estoque, como EUA, Japão, Índia e outros, estão liberando. Mas também tem que ter o esforço de aumento da produção. Ela [Jennifer Granholm] me perguntou se o Brasil poderia fazer parte desse esforço e eu falei ‘claro que pode’. Já estamos aumentando a produção, enquanto a maioria dos países da OCDE reduziu. Nós aumentamos nossa produção nos últimos três anos” – justifica o ministro de Bolsonaro ao acenar positivamente ao pedido dos EUA.

Pelo jeito, o almirante, que está ministro de Minas e Energia, considera mais estratégico contribuir para o atendimento da demanda dos EUA, em proporcionar abastecimento e preços mais baratos aos estadunidenses do que aos próprios brasileiros que já pagam em algumas cidades até R$ 10,00 por um litro de gasolina.

Quando se coloca em debate a questão do imperialismo, muitas pessoas não conseguem enxergar como de fato ele funciona, e este exemplo está configurado justamente no que acontece hoje no Brasil em sua relação “carnal” com os EUA. Em decorrência da crise internacional provocada pela guerra entre Ucrânia e Rússia, que acabou reduzindo a oferta de petróleo russo no mercado por conta do embargo internacional, o Brasil está sendo chamado para “contribuir” com o esforço de guerra.

O papel da mídia

Enquanto isso, nós brasileiros pagamos combustíveis dolarizados, entregamos estatais como a Petrobrás, e temos os recursos financeiros obtidos com o lucro da Petrobrás entregues para acionistas internacionais bancarem suas guerras. Tudo isso com o apoio da grande mídia brasileira que é em realidade porta-voz do projeto neoliberal no Brasil.

Veículos de comunicação como o jornal Folha de São Paulo dão seu apoio à política de preços da Petrobrás – Preço Paridade de Importação (PPI) que dolariza os preços dos combustíveis do Brasil, reforçando o discurso de Jair Bolsonaro que culpabiliza a Petrobrás pela conjuntura de preços praticada atualmente no Brasil. A Folha teve o desplante de dizer que a PPI está ensinado os brasileiros a “economizar” combustível, em reportagem publicada no último dia 12/03.

Essa mesma mídia replica o discurso neoliberal de Bolsonaro e Paulo Guedes de que a culpa da alta dos preços de combustíveis é da carga tributária, tirando o peso da fracassada política entreguista que entrega recursos energéticos estratégicos nas mãos de abutres do mercado financeiro, que são prepostos do imperialismo.

Nos tiram o que é nosso, saqueando nosso petróleo e o lucro que dele foi gerado para entregar a alguém que se diz dono do mundo, isso é o imperialismo. Em 2021, a Petrobrás apresentou um lucro de R$ 106 bilhões, e pagará um total em dividendos aos seus acionistas de R$ 101 bilhões, ou seja, entrega 95% do seu lucro. Precisa desenhar?

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