Depois de permanecerem em greve por 14 dias, os terceirizados do TABG voltaram ao trabalho no dia 11/03 após audiência no judiciário que pressionou o movimento com decisão de que se não houvesse acordo a greve seria julgada ilegal
O que gerou a greve foi a profunda precarização que atinge hoje o TABG com a drástica diminuição do efetivo e a baixa salarial entre os terceirizados. Tudo se agrava, ainda mais, quando uma mesma empresa mantém contratos em mais de uma unidade da Petrobrás, pagando salários com diferença de até a metade para os terceirizados numa distorção absurda e intolerável! Além de receberem salários baixos, esses trabalhadores também não têm direitos a benefícios básicos como, por exemplo, o plano de saúde.
Participaram da greve, centenas de trabalhadores de várias empresas prestadoras de serviço nos Terminais dando ao movimento uma representatividade expressiva, levando ao avanço das negociações com, pelo menos, quatro empresas – VOS, Mipe, I7 e Propave. Todas cederam ao aumento salarial de 10%. Na Mipe e na Propav, será aplicado 7% de antecipação, mais 3% de aumento real em março e mais 3% em maio; foi concedida cesta de Natal de R$ 600,00 (Propav) e de R$ 550,00 (Mipe) e PLR de R$ 1.212,00 (em duas parcelas: em abril e setembro).
Na Propav, na greve de 24 dias, os trabalhadores já tinham conquistado o vale-alimentação de R$ 600,00 e o plano de saúde passou a ser extensivo aos familiares.
A VOS se comprometeu com a cesta de Natal, PLR de R$ 1.500,00 e vale-refeição de R$ 240,00 com premiação quando a meta é atingida. Mas, na VOS, os terceirizados continuam sem plano de saúde o que é inaceitável para quem está executando um trabalho que envolve confinamento nas ilhas e risco de vida.
Lamentavelmente, o próprio Sistema Petrobrás desestimula as empresas que contrata a terem o plano de saúde para os terceirizados, fazendo contratos emergenciais por curtos períodos. Na VOS, por exemplo, a gestão alega que o plano de saúde ainda é uma pendência, porque só aplica o benefício em contratos iguais ou maiores a 365 dias e o contrato atual com os trabalhadores que estão no TABG é de seis meses sem direito à renovação ou aditivo de prazo e valor. Outro problema que precisa ser enfrentado é que quando a empresa oferece o plano de saúde os modelos adotados são os mais precários e não são planos extensivos aos familiares do trabalhador.
Na I7, o quadro geral melhorou bastante com a greve que, nesse caso, estourou fora do período de dissídio tamanha a precarização que os trabalhadores vinham enfrentando no dia a dia. Os trabalhadores conquistaram plano de saúde extensível à família sem coparticipação, vale-refeição de R$ 600,00, PLR de R$ 1.500,00 e cesta de Natal.
Apoio dos trabalhadores próprios foi fundamental
Os dias de greve foram de muita luta e o Sindipetro-RJ participou ativamente com apoio diariamente aos grevistas, manifestando-se na porta do TABG, promovendo trancaços para conversar com os empregados próprios que em maioria apoiaram a mobilização e fizeram, inclusive, alguns atrasos em troca de turno durante o período de greve dos terceirizados.
Também houve atos para mostrar o descaso da empresa com os terceirizados, como o que homenageou José Arnaldo Amorim, que morreu no dia 19/02 na REDUC. https://sindipetro.org.br/terceirizado-morre-na-reduc1/
O Sindipetro-RJ vai permanecer junto aos terceirizados nessa luta, procurando reunir-se com os sindicatos de categorias específicas como, por exemplo, o dos vigilantes e o de asseio e conservação.
Impacto operacional
Apesar da vitória dessa greve dos terceirizados, demonstrando forte mobilização dos trabalhadores, permanece grave a situação no TABG, causando ocorrência de diversos acidentes sem emissão de CAT (Comunicado de Acidente de Trabalho).
Enquanto tudo isso acontece nos Terminais, essenciais para o escoamento da produção da estatal, 9 diretores do alto escalão da Petrobrás dividem milhões de reais no injusto Plano de Prêmio por Performance (PPP) onde o general presidente Silva e Luna vai levar no mínimo R$ 1,45 milhão! https://sindipetro.org.br/ppi-privatizacoes-e-bonificacoes-engordam-salario-general-petrobras/