Terceirizado morre dentro de um vaso em unidade de hidrodessulfurização na REDUC

Sucateamento de equipamentos, precarização de atividades e desleixo da direção fazem mais uma vítima fatal no sistema Petrobrás

Neste sábado, 19/02, o caldeireiro José Arnaldo de Amorim, profissional da empresa C3, faleceu dentro da U-4500, vaso7, equipamento integrante da unidade de hidrodessulfurização de gasolina (HDS). Testemunhas relatam que um outro trabalhador, também da C3, tentou resgatar José Arnaldo, não obtendo sucesso e também ficou inconsciente por inalação de gás, estando neste momento internado em estado grave. Os trabalhadores atuavam na manutenção da U-4.500, por conta da parada de manutenção. José Arnaldo só foi resgatado após 40 minutos e, mesmo com as manobras para retornar o batimento cardíaco e a respiração, infelizmente, não resistiu à exposição.

Dividendos aos acionistas às custas da vida dos trabalhadores

Enquanto isso, a direção da Petrobrás, através de seu presidente, general Silva e Luna, apaniguado de Bolsonaro e militares, diz que a prioridade da empresa é garantir o pagamento de dividendos de seus acionistas, isso às custas de vidas de trabalhadores como José Arnaldo de Amorim.

A direção da empresa não aprendeu, agora, nem com o acidente precedente do vaso voador , no caso dessa parada de manutenção da REDUC. E não aprendeu antes, com a morte, em 2016, do companheiro Luiz Antonio Cabral de Moraes, pois recentemente, ao final de 2021, vimos um incidente semelhante no TABG, em que parte do teto de um tanque cedeu sem, contudo, ter havido a queda e morte de algum trabalhador. (https://sindipetro.org.br/tabg-petroleiros-escapam-da-morte/)

Cabe lembrar que nesta terça-feira, se completam 7 anos da morte do operador Rodrigo Antônio da Usina Termelétrica Barbosa Lima Sobrinho/Baixada Fluminense (UTE-BLS/BF), em Seropédica. Rodrigo resistiu por 11 dias após sofrer queimadura em mais de 70% do corpo pelo condensado de uma caldeira na unidade, em mais uma morte que mostra como a vida dos trabalhadores é vista como descartável pela hierarquia privatista da empresa.(https://sindipetro.org.br/a-memoria-do-rod…tas-fundamentais/)

Hoje, segunda-feira, 21/02 mesmo diante dos riscos evidentes e dos atos de protesto dos trabalhadores Petroleiros, diretos e indiretos, um chamado pelo Sindipetro Caxias e outro pelo SITICOMMM (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústria da Construção Civil, Montagem Industrial, Mobiliário, Mármore e Granito e do Vime, da região), a direção da REDUC falava e pressionava por um dia normal de trabalho. Talvez, com mais acidentes e mortes, e mais atrasos nas obras de manutenção, devido a insegurança constatada pela sequência dos próprios acidentes na REDUC.

Sindipetro-RJ presta solidariedade no ato e cobra investigação

Ainda no domingo (20/02), pela manhã, em protesto, a direção do Sindipetro Caxias realizou um ato com os trabalhadores de turno da REDUC.

Já na manhã desta segunda-feira, a partir das 6h, foram realizados, tanto nos arcos da refinaria – por onde entra a maioria dos trabalhadores diretos, quanto no portão 5 – por onde entra a maioria dos trabalhadores da refinaria (terceirizados), atos em defesa da vida da categoria e em solidariedade à família do trabalhador morto dentro da Petrobrás

Delegação do Sindipetro-RJ presente no ato

O Sindipetro-RJ e a FNP, e outras representações, cobraram da direção da Petrobrás melhores condições de trabalho para todos os trabalhadores da REDUC, próprios e terceirizados, que sofrem com o cada vez crescente sucateamento das unidades do sistema Petrobrás , a redução dos efetivos, a sobrecarga de horas-extras, a precarização dos contratos e condições de trabalho, salário e treinamento dos terceirizados, tudo se somando, impactando a segurança, negativamente, e aumentando o risco operacional do negócio.

Sindicato em falação no ato

Diante da irresponsabilidade da direção da REDUC e da fala “de que seria um dia normal”, os trabalhadores marcaram sua revolta e, para chamar atenção ao descaso com as suas vidas e a própria morte de um companheiro, limitaram o fluxo de parte dos dois sentidos da Rodovia Washington Luís (BR-040), no trecho que passa pela REDUC, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

O fato é que a categoria petroleira exige uma investigação rigorosa do que aconteceu e que a memória de José Arnaldo de Amorim seja respeitada.

Desta forma, o Sindipetro-RJ/FNP lamenta o acidente ocorrido com os trabalhadores da C3 na REDUC e presta condolências à família, amigos e colegas de trabalho de José Arnaldo.

Após a manifestação dos trabalhadores na rodovia, a direção da REDUC voltou atrás, e liberou os trabalhadores do dia e da noite da parada de manutenção, reconhecendo, no mínimo, que não há nada de normal na morte de um trabalhador, no aumento dos riscos na parada de manutenção e na operação da refinaria com recorrentes acidentes. O que há de normal na situação, é a revolta da categoria com ao aumento de sua exposição a mais acidentes e mortes, ou a um acidente de maiores proporções na Refinaria, e também sua solidariedade à família do trabalhador: pai de família morto enquanto exercia seu ofício, na busca do pão de cada dia e de dignidade, na maior empresa do país.

José Arnaldo de Amorim, presente!

Imagens Sindipetro-RJ

 

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