Mais um entreguista no comando da Petrobrás

Paulo Guedes banca “velho” Chicago Boy na companhia

O economista Roberto Castello Branco voltará à Petrobrás a partir de janeiro como presidente da empresa. Não se trata do “bom filho que a casa retorna”. Castello Branco já defendeu sua visão liberal na Petrobrás enquanto membro do Conselho de Administração no governo de Dilma Roussef (PT). Castello Branco foi indicado ao posto de presidente da companhia pelo amigo Paulo Guedes, ministro da economia do governo Bolsonaro (PSL). Roberto foi professor da FGV, presidente executivo do grupo educacional IBMEC (1981 e 1984), executivo do Banco Central durante o governo Sarney, diretor de bancos e economista-chefe da então Vale do Rio Doce, em 1999.

Como todos os outros ministros que ascendem ao poder no país é um militante do mercado, pró-EUA, entreguista e carregado de certa dose de cinismo e alucinação. No auge da crise no abastecimento gerada pela greve dos caminhoneiros, escreveu para a Folha de São Paulo: “é inaceitável manter centenas de bilhões de dólares alocados a empresas estatais em atividades que podem ser desempenhadas pela iniciativa privada.”

Ironicamente ao discurso anti-Estado, Castello Branco realizou pós-doutorado na Universidade de Chicago, nos EUA, entre 1977 e 1978, com apoio de bolsa do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). A Universidade de Chicago é uma meca do neoliberalismo e influenciou políticas econômicas ao redor do mundo, como: no Chile sob a ditadura de Augusto Pinochet; na Inglaterra de Margaret Thatcher; e Ronald Reagan nos Estados Unidos. Seus ensinamentos também baseiam, por exemplo, as políticas de austeridade do G20, do FMI etc. e espalham miséria e exploração em larga escala.

No mesmo artigo para a Folha de São Paulo, endossou a política de preços de derivados de petróleo e gás do governo Temer e defendeu que “precisamos de várias empresas privadas competindo nos mercados de combustíveis”. É um homem de mercado e para o mercado com o perfil entreguista procurado pelo governo Bolsonaro.

Tanto é que ele defendeu, em maio, em artigo do jornal Valor Econômico,  a saída da Petrobrás dos setores de refino e distribuição. Aqui entra a certa dose de alucinação citada acima. Ele chegou ao disparate de dizer que a Petrobrás deveria se retirar do setor de refino e distribuição por uma suposta ausência de “competência para ser a dona natural desses negócios”. Logo a Petrobrás, uma companhia integrada de energia do poço ao posto modelo para o mundo há décadas.

A total falta de noção de Bolsonaro do que seja a Petrobrás e a escolha aloprada de seus ministros e cargos de confiança nas estatais atende à lógica do livre mercado para manter as mãos sobre o petróleo e gás do país.

Em declaração para o mercado, Castello Branco afirmou que “continuaremos a orientar a empresa a gerar valor para os acionistas”.  O próprio Bolsonaro anunciou durante a campanha ser a favor da privatização “do entorno” da Petrobrás.

Vale contextualizar aqui que esse neoliberalismo da equipe de Bolsonaro é o mesmo de “Mi$hell” Temer, que lançou uma MP na qual o Brasil abre mão de 1 trilhão em impostos em favor das petrolíferas estrangeiras, que já estão explorando o pré-sal brasileiro. Esse neoliberalismo é o mesmo que acabou com a exigência de contratação de conteúdo local na fabricação de equipamentos e virou as costas para 200 mil indústrias brasileiras na cadeia de petróleo e gás.

Essa política sucateia a Petrobrás a ritmo alucinado. A empresa já abriu processo de venda de participações de 60% em dois polos de refino no país, cada um com duas refinarias, dutos e terminais. Estamos abrindo mão de parte de uma indústria montada e lucrativa. As vendas estão suspensas no momento por decisão do ministro Lewandowski do STF.

Por fim, a nomeação de Roberto Castello Branco representa a manutenção de uma política que já vem sendo imposta à Petrobrás pelos sucessivos governos, mas com uma pitada de entreguismo a mais, que afetará a força produtiva da companhia em suas conquistas e direitos. Assim, o novo governo e o novo presidente da Petrobrás representarão exigirão ainda mais organização, unidade e luta dos petroleiros e petroleiras na defesa dos nossos empregos e da soberania nacional.

Fonte: Sindipetro-SJC

 

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