Mesmo com bons resultados e lucro bilionário, privatização dos Correios vira obsessão de bolsonaristas

Por Rosa Maria Corrêa

Absurdamente, a privatização dos Correios, maior operador logístico do Brasil que fechou 2020 com lucro líquido de R$ 1,53 bilhão, foi aprovada na Câmara dos Deputados no dia 05 deste mês por 286 contra 173. Agora, o Projeto de Lei 591/2021, enviado por Bolsonaro, está no Senado. A previsão é de que o relator do PL seja anunciado esta semana. A expectativa do desgoverno e de que a votação seja concluída em setembro.

Venda será por “valorzinho”

Caso o Senado aprove o PL, o Ministério da Economia vai divulgar o lance mínimo do leilão. No sábado (28), repercutiu na mídia entrevista com a secretária especial, Martha Seillier, do Programa de Parcerias e Investimentos, responsável pelas privatizações no Ministério da Economia. Ela disse que o objetivo principal do leilão não é arrecadar, então o preço mínimo será muito menor do que o valor dos ativos da empresa, porque o comprador vai precisar de dinheiro para investir na modernização e ampliação da empresa. “Essa é a conta que estamos fazendo. Vai sobrar um valorzinho, vamos dizer assim, que é o quanto a gente vai pedir no leilão”, afirmou. Isso é corrupção, não é?

Quem privatizou o setor, está revendo decisão

Na maioria dos países, o serviço postal é controlado pelo governo. Mas, para a entrega de encomendas, há concorrência com a iniciativa privada, como ocorre aqui, as demais transportadoras. Países como Portugal , que privatizaram o serviço ,, estão estudando a reestatização. Na Argentina, a Justiça decretou, este ano, a falência do Correo Argentino que pertencia à empresa Socma da família do ex-presidente Macri.

Na França, o Le Groupe La Poste foi fundado em 1576. Nos Estados Unidos, a United States Postal Service (USPS) é a única companhia de entregas a oferecer serviços em todo o país desde 1775.

Mercado eletrônico de ouro

Com sólida estrutura que abrange todos os municípios com 11.542 agências, a Empresa de Correios e Telégrafos, fundada em 1969 e 100% estatal, é capaz de acompanhar o crescimento do e-commerce, atendendo aos brasileiros em todas as regiões do país. Em 2019, foi premiada com o troféu ABComm de inovação digital pelo segundo ano consecutivo como : a melhor empresa de logística no e-commerce.

Segundo estudo divulgado pela J.P.Morgan, 72% da população ainda não fez sua primeira compra pela internet! A expansão vinha acontecendo lentamente, mas disparou com o isolamento social ampliando vertiginosamente o número de vendedores e usuários no comércio on-line.

Quem tem interesse nessa privatização?

Com verba pública, o governo está veiculando propaganda em vídeo para defender a intenção de privatizar os Correios. O desgoverno Bolsonaro quer conceder pedaços da ECT – os mais lucrativos nas regiões Sudeste e Sul – para a iniciativa privada explorar. Paulo Guedes, ministro e banqueiro carrega uma lista de todas as estatais para a privatização, prestando serviços a um grupo de investidores que querem uma empresa pronta, lucrativa e com futuro garantido.

Seis motivos para ser contra a privatização dos Correios:

1. A empresa é lucrativa! Entre 2017 e 2019 acumulou mais de R$ 930 milhões e em 2020 teve R$ 1,5 bilhão de lucro líquido;

2. A empresa possui 99 mil trabalhadores;

3. A empresa entrega mensalmente meio bilhão de objetos postais e possui 25 mil veículos, 1.500 linhas terrestres e 11 linhas aéreas em operação abrangendo todo o país;

4. A empesa é responsável pela logística e entrega de provas do ENEM em mais de 15 mil locais;

5. A empresa monta megaoperação para entregar materiais didáticos e livros nas escolas públicas de todos os municípios; e

6. A empresa é premiada e reconhecida mundialmente. Alcançou, por exemplo, o primeiro lugar nas categorias Cross Border Growth com o lançamento de novo modelo de importação.

Live em defesa dos Correios

Nesta terça-feira (31), às 20h30, vai ser transmitido ao vivo o programa “Em defesa dos Correios” com o tema: “Unificar as lutas em defesa da Educação e dos Correios” com as participações de Lorene Figueiredo (Professora da UFF – Universidade Federal Fluminense e ativista sindical do ANDES-SN) e de Geraldo Rodrigues (Dirigente da CSP-Conlutas e da Federação Nacional de Trabalhadores dos Correios). Apresentação de Heitor Fernandes, trabalhador dos Correios há 38 anos e dirigente da Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios.

Assista:
Youtube – https://www.youtube.com/watch?v=99avolARK_M
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