Sindipetro-RJ acompanha a auditoria da ANP na P-75

O diretor do Sindicato André Bucaresky (Buca) esteve presente nas atividades de inspeção da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) na plataforma. Saiba quais são os problemas identificados na plataforma

 

A plataforma P-75 da Petrobrás, localizada no Campo de Búzios, área do Pré-Sal, da Bacia de Santos, foi selecionada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para a realização de auditoria por ser considerada uma das plataformas com maior risco do país, segundo critérios definidos pela agência. O Sindipetro-RJ acompanha essa auditoria através de seu diretor André Bucaresky.

Na segunda feira (04/07), o diretor participou de terra, pelo aplicativo Teams, da reunião de abertura. Já de terça (05/07) a sexta-feira (08/07), quando terminou a auditoria, o representante do Sindicato esteve na plataforma para acompanhar o processo a bordo.

Ainda na terça, o diretor do Sindipetro-RJ participou de uma reunião com a força de trabalho no “cinema” que  contou com a presença da líder auditora, detalhando um informe aos trabalhadores da P-75. Com isso, o Sindipetro-RJ  também cumpriu o papel de receber as indicações e denúncias dos trabalhadores.

Como houve troca de turmas na quarta, 06/07, (operação) e quinta, 07/07, (manutenção), o diretor conversou com os trabalhadores em outros horários. Também na quinta, véspera do fechamento da auditoria, o representante sindical participou de uma nova reunião de noite com o pessoal para repassar os temas levantados e ver se havia outras questões.

Nas reuniões a pauta também abordou a luta em defesa da Petrobrás e do ACT-2022, assim como as questões dos terceirizados envolvem pendências e levantamentos de segurança que foram feitos pelo Sindicato.

A auditoria, além das entrevistas e levantamentos documentais, teve idas a campo na área. André Buca participou das atividades de testes dos sensores de gás em diversos pontos da plataforma. Ele esteve também na realização do teste dos canhões no heliponto e no teste de dilúvio e drenagem no módulo 9. Além disso, o diretor esteve nas inspeções na casa de bombas, casa de máquinas e oficinas da manutenção.

Todos os temas levantados junto aos trabalhadores foram repassados à ANP e diversos deles constaram do informe final apresentado a bordo, e provavelmente constarão do relatório da auditoria. Seguem os temas levantados a bordo:

 

1)      Iluminação insuficiente de noite, gerando riscos de acidentes;

 

2)      Comunicação. Devido ao alto nível de ruído na área, muitas vezes não se entende o que se fala nos intercomunicadores, gerando riscos. Há a demanda de que se viabilizem fones de ouvido com plugues nos intercomunicadores para resolver essa questão. Em alguns lugares também é difícil entender o que se fala no “boca de ferro”

3)      Falta de estudo de efetivo mínimo. Sobre isso a auditoria da ANP informou que existe o procedimento PE-2E&P-00967-Anexo B da ANP apontando as regras para determinação de efetivo mínimo nas plataformas.

 

4)      Preservação e pintura. Esse é um tema que já vinha sendo questionado. O Sindipetro-RJ apresentou o problema para a equipe de auditores da ANP. Bem em frente à sala, em que se reunia a auditoria, há diversas fotos que demonstram que o trabalho de preservação e pintura realizado pelos operadores está fora do que é enquadrado como primeiro escalão pelo padrão PE-3BUZ-00160: “inexistência ou processo corrosivo em estado inicial e pontual, além de se situar em local de fácil acesso”. Os auditores tiveram concordância com isso e fizeram constar o tema em sua apresentação ao final dos trabalhos a bordo, enfatizando que os operadores não têm treinamento para esse tipo de atividade e que elas não constam na descrição do cargo;

 

5)      Rotatividade da mão de obra terceirizada: i) demissões e admissões e entre as plataformas de Búzios; ii) rotatividade entre as plataformas, sob o falso pressuposto contratual de que as plataformas são idênticas; iii) recebemos também denúncias sobre falsificação de certificados pela empresa PAS-Brasil, que saiu recentemente;

 

6)      Falta de EPIs enquadrados nos padrões da empresa;

 

7)      Levantamento das pendências da Ciplat;

 

8)      COVID-19. Trabalhadores considerados “essenciais” não desembarcam;

 

9)      Sala de controle com temperatura muito fria;

 

10)   Camarotes com 4 pessoas no mesmo horário;

 

11)   Jornada excessiva no dia do embarque: os(as) trabalhadores(as) passam muitas horas despertos(as) (em certas ocasiões chegam a 20 horas acordados(as)) e às vezes sem almoço. Isso porque devem chagar cedo ao EDIHB (5 ou 7 da manhã), depois viajar a Cabo Frio, fazer check-in, viagem de helicóptero, recepção, banho e em seguida fazer jornada de trabalho. Costumam largar o trabalho no mínimo às 23h30. Em certas ocasiões a jornada termina às 1h30 da madrugada, especialmente quando o horário de voo é de tarde.

 

12)   PTs de primeira hora. Emissão de PTs muitas vezes complexos e envolvendo ida à área em horários inadequados, especialmente no final do período de turno, ou seja, em momentos em que a capacidade de concentração e o cansaço físico e mental atrapalham a qualidade do trabalho, configurando risco para a segurança do processo, das pessoas e dos equipamentos.

 

13)   Problemas de mobilidade e desgaste físico devido ao excesso de escadas:

  1. a) Não há passagem direta por cima entre os módulos, necessitando descer e subir escadas para passar de um a outro, gerando enorme desgaste físico. Isso é um problema de projeto que pode ser resolvido, caso sejam instalados caminhos por cima (“linha amarela”).
  2. b) Necessidade de homologar uso do elevador no casario por pessoas de forma a diminuir a quantidade de vezes em que se usam escadas
  3. c) Necessidade de elevador de ferramentas para casa de bombas e casa de máquinas para diminuir as subidas e descidas de escadas
  4. d) Inclinação das escadas da casa de bombas e da casa de máquinas gera desgaste e riscos de acidentes.

 

14)   Água oleosa no piso da casa de bombas. Elevando os riscos de explosão e de contaminação por hidrocarbonetos;

 

15)   Drenagem dos compressores. Serviço sem acesso (módulos 3, 5 e 7). O(A) trabalhador(a) tem que subir em cima da linha com risco de queda;

 

16)   Sistemática de gestão de mudanças. Quando equipamentos dão problemas, para não parar ou diminuir produção, são feitas gestões de mudanças “provisórias” mas sem data de validade e que tem durado indefinidamente, aumentando o risco dos processos;

 

17)   Teste de dilúvio e drenagem. O diretor acompanhou os auditores nesse teste. O sistema de drenagem desse módulo demonstrou-se falho e foi alvo de críticas por parte da auditoria. Houve transbordamento da área de contenção e demora excessiva na drenagem. Isso é um elemento sério de risco à unidade, pois se houver presença de hidrocarbonetos na água e houver fogo, este pode se espalhar pela plataforma. No dia seguinte foi mobilizada uma equipe para limpar os drenos e que foi feito, de fato, encontrados problemas. Mesmo com essa primeira limpeza, não foi plenamente resolvido o problema. Outros módulos não passaram por esse teste, o que considero preocupante, pois o problema pode existir em outras partes.

 

Material produzido baseado no relato de André Bucaresky (Buca) – Diretor do Sindipetro-RJ

Whatsapp: (21) 99700-2525

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