TBG anuncia nova presidente que atuou na Total, possível compradora da transportadora

Conselho de Administração do TBG escolhe nome ex-executiva da Total, que é interessada na compra da transportadora de gás

A executiva Cynthia Santana Silveira foi anunciada nesta terça-feira (30/11), em comunicado divulgado pela TBG, como a nova presidente da empresa. A executiva trabalhou por 17 anos, sendo 10 como gerente de gás da Total E&P do Brasil.

Cynthia Silveira foi eleita como membro independente do Conselho de Administração da Petrobrás (CA),participando também como integrante do Comitê de Pessoas, do Comitê de Investimentos e do Comitê de Auditoria Estatutário. Mas a sua participação não se limitou a esses cargos, mostrando que sua influência é bastante arraigada na Petrobrás. Ocupando sempre cargos estratégicos do mercado de gás.

Em 2019 foi indicada pela Petrobrás como conselheira independente da TAG – Transportadora Associada de Gás S/A, antes da empresa ser privatizada.

Entre 2002 e 2015, Cynthia Silveira fez parte do Conselho de Administração da TBG.

O espólio da Petrobrás

No ano de 2021 , a TAG foi vendida pela Petrobrás por US$ 8,6 bilhões para o grupo francês ENGIE, sócia da Total, e o fundo canadense Caisse de Dépôt et Placement du Québec (CDPQ).

Em 04 de abril de 2017 a Petrobrás finalizou a operação de venda de 90% das ações da companhia na Nova Transportadora do Sudeste (NTS )para o Nova Infraestrutura Fundo de Investimentos em Participações (FIP), gerido pela Brookfield Brasil Asset Management Investimentos Ltda., entidade afiliada à Brookfield Asset Management. Na mesma data, o FIP realizou a venda de parte de suas ações na NTS para a Itaúsa S.A.

Em 30 de abril de 2021, já com o nome de Nova Infraestrutura Gasodutos Participações S.A. (NISA), sociedade cujos acionistas são os atuais controladores da Companhia, FIP e Itaúsa, concluiu a compra da totalidade da participação remanescente da Petrobras na NTS, correspondente a 10% das ações.

Franceses, canadense e belgas no controle do gás no Brasil

Em dezembro de 2020, a Petrobrás divulgou o teaser de venda de 51% de sua participação na Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil (“TBG”). O fato é que, segundo a mídia especializada do setor, a Total E&P está em vias de fechar o negócio com a Petrobrás.

Já em março de 2021, a empresa belga Fluxys teve aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) para a aquisição de uma parcela adicional da petroleira francesa Total na TBG, uma das sócias do gasoduto Bolívia-Brasil. O valor do negócio não foi revelado. Cabe lembrar que o fundo canadense CDPQ, uma dos novos donos da TAG tem quase 20% de ações Fluxys. Na ocasião, a Fluxys, adquiriu os 33,33% da participação da Total Gas & Power Brazil, subsidiária integral da Total, na BBPP, holding que detém 29% das ações da TBG. Agora, a mesma Total mostra interesse em adquirir a maior parte da TBG que pertence à Petrobrás. Porque mudou de ideia em tão pouco tempo?

Total e seu histórico de corrupção

Desde 2016, a Total tem implementado com a Petrobrás uma parceria que envolve uma aliança estratégica nos segmentos de Exploração e Produção (E&P) e Gás e Energia (G&E), uma acordo de US$ 2,2 bilhões, na época que Pedro Parente era presidente da Petrobrás.

Em dezembro de 2018, a Total foi condenada pela justiça francesa a uma multa de € 500 mil por “corrupção de um agente público estrangeiro” durante a negociação de um grande contrato de exploração de gás no Irã em 1997.

Nos EUA, a Total fez acordo de leniência com o Departamento de Justiça, reconhecendo a prática de crimes de corrupção por seus executivos pagando multas que somam US$ 398,5 milhões.
Na nota oficial da Divisão Criminal do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, a gigante francesa efetuou pagamentos ilegais através de terceiros a um funcionário do governo, no Irã, para obter valiosas concessões de exploração de petróleo e gás.

A justiça italiana também decretou a prisão de executivos da Total e políticos italianos, no final de 2008, envolvidos em corrupção na aquisição do campo de Petróleo de Basilicata, o maior campo terrestre de petróleo da Europa.

A subsidiária italiana da Total estava sob investigação por suposta corrupção de políticos locais, que garantiram bens a preços abaixo do valor de mercado na concessão.

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