COVID-19: Sindipetro-RJ cobra que Petrobrás adie retorno ao trabalho presencial por causa da variante delta

Com a pandemia ainda longe de ser controlada no Brasil, várias empresas têm adiado retorno ao presencial

Apesar de todas as indicações de risco à saúde, a Petrobrás está forçando a volta ao trabalho presencial de forma gradual, já tendo começado esse processo e pretendendo acelerá-lo muito em outubro. O Sindipetro-RJ defende o adiamento até janeiro de 2022 e que o retorno seja feito com a participação do Sindicato pautando-se pelas orientações de órgãos de saúde e pesquisa nessa área, como a OMS e a Fiocruz.

O avanço da variante delta está fazendo os casos de COVID-19 aumentarem em vários países. É o aumento da vacinação que tem amenizado o crescimento do número de mortes. O coronavírus precisa da circulação de pessoas para se modificar com liberdade e o diferencial dessa variante é a rapidez com que se reproduz.

A pneumologista e pesquisadora da Fiocruz, Margareth Dalcomo, considerada pelos colegas como a embaixadora da ciência no Brasil, alerta que a cepa de origem indiana é considerada de cinco a seis vezes mais transmissível e exemplificou que cem pessoas contaminadas podem infectar outras 600!

A cientista é enfática ao dizer que “os principais cuidados são mesmo com os contatos pessoais”.

Nesse cenário, planejamentos de grandes empresas para o retorno ao trabalho presencial já começam a ser revistos.

A Apple que havia programado o retorno dos funcionários aos escritórios pelo menos por três vezes na semana a partir de outubro, divulgou no dia 19 passado que adiou o retorno até janeiro de 2022 devido o aumento de casos atribuídos à variante delta.

“São os dados e não as datas que influenciam nosso planejamento para o retorno”, comunicou o Facebook, que tinha planejado o retorno para outubro e esse mês adiou até pelo menos janeiro de 2022. Na mesma linha estão Microsoft, Amazon e American Express.

Nesse momento, a melhor opção é a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS): evitar ao máximo a circulação de pessoas, usar máscara eficaz e manter a higiene, porque é preciso deter a variante delta e não arriscar o efeito das vacinas existentes com a possibilidade de formação de outras variantes ainda mais agressivas.

Com quase 60% da população totalmente vacinada, Israel lançou há um mês, por causa da delta, campanha de reforço com a terceira dose para todas as faixas etárias. Os casos que estavam em junho a menos de 30 por dia, chegaram a mais de 12 mil no dia 24 passado. No domingo (29), teve início a aplicação da terceira dose em maiores de 12 anos.

Nos Estados Unidos, 99% dos casos sequenciados na quinta (26) foram da variante delta e o total é de cerca de 152 mil casos por dia. Com esse número de casos, antes da vacinação, o número de mortes passava dos 3 mil por dia. Hoje, com 51% da população totalmente vacinada, o número de mortes caiu mais da metade.

No Reino Unido, a média móvel de casos também está em alta com 33 mil casos, mas o número de mais de 500 mortes por dia caiu para cerca de 100 com 62% da população totalmente vacinada.

Variante tem espaço para crescer no Brasil

Segundo Dalcomo, a “circulação da variante Delta é muito séria e grave. Essa variante não respeita vacinados”.

Com menos de 30% da população totalmente vacinada e a indicação da aplicação da terceira dose por causa da variante – que só começará a ser aplicada no dia 15 de setembro em idosos e pessoas com imunodeficiências, a situação no Brasil é muito preocupante, principalmente porque a maioria dos empresários, prefeitos e governadores está flexibilizando medidas preventivas, privilegiando atividades econômicas, como se o coronavírus não estivesse mais entre nós.

Situação no Rio de Janeiro não está controlada

Atualmente, o Rio de Janeiro vive um aumento no número de internações. A Secretaria Estadual de Saúde acionou plano de contingência e anunciou a mudança para risco moderado. Pelo menos 12 cidades estão com ocupação de UTIs acima de 90%. Na capital, o índice é de 96%!

O último boletim InfoGripe da Agência Fiocruz de Notícias, que estuda os índices da infecção por coronavírus, publicado em 26/08, mostra que entre os últimos dias 15 e 21, o Estado do Rio de Janeiro figura entre as 9 unidades da Federação que apresentaram sinal de crescimento na tendência de longo prazo (últimas seis semanas): Pernambuco, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe. Entre as capitais, o Rio de Janeiro também está entre as 11 com sinal de crescimento e junto com outras seis com transmissão comunitária em nível extremamente alto. Para o pesquisador e coordenador do Boletim, Marcelo Gomes, “tal situação manterá o número de hospitalizações e óbitos em patamares altos, caso não haja nova mobilização por parte das autoridades e população”.

Petrobrás, adie o retorno já! Preserve a saúde e a vida dos trabalhadores!

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