Neste segundo trimestre a Petrobrás Distribuidora apresentou um lucro líquido de R$ 263 milhões (aumento de 275,7% em comparação ao mesmo perí­odo de 2017, cujo lucro foi de R$ 70 mi­lhões). O Ebitda no critério ajustado foi de R$ 508 milhões, 5,6% maior em relação a 2017, mesmo diante dos impactos da greve dos caminhoneiros. A subsidiária destaca que o ajuste inclui a amortização das bonificações antecipadas a clientes, perdas estimadas em crédito de liquida­ção duvidosa do sistema isolado e interli­gado de energia, perdas e provisões com processos judiciais, plano de incentivo do desligamento voluntário, gastos com anistias fiscais e encargos tributários sobre receitas financeiras. Diante do bom desempenho, a direção da Petrobrás Distribuidora avalia a possibilidade de antecipar o pagamento dos dividendos, previstos inicialmente para setembro. Lembrando que em abril deste ano, a assembleia de acionistas autorizou o pagamento de, pelo menos, R$ 1,8 milhão em remuneração variável a seus dire­tores e a distribuição de simplesmente 95% do lucro alcançado, um total de R$ 1,09 bilhão, sob a forma de dividendos ou juros sobre o capital próprio, para os acionistas (boletim Sindipetro-RJ nº62). As maiores petroleiras privadas (majors) experimentam queda nas re­servas e na produção de petróleo por priorizar retorno, desproporcional e de curto prazo, para os acionistas; exata­mente o que está sendo feito hoje pela direção da empresa.

A conclusão maior de todos estes números é que apesar da perda de mercado com a política de preços de combustíveis, dos absurdos dividendos pagos e de todas as provisões realizadas, a BR continua dando lucro, e muito! En­quanto isso, em 26/07 a ANP realizou uma audiência pública relativa ao novo marco regulatório do comércio exterior de combustíveis, o qual, segundo a agência, “visa aumentar a concorrência no setor”.

Durante o evento, a representante da Petrobrás alertou para o risco de liberar a exportação de produtos por distribuidores, como sugere a resolu­ção da agência, devido ao aumento do risco de desabastecimento do mercado nacional. Ela sugeriu também que as exportações sejam limitadas a produto­res, “para escoar o excedente do processo produtivo”, ou por trading companies, “pela própria natureza da sua atividade”, e propôs a inclusão de um parágrafo na resolução que deixe clara a impossibi­lidade de exportar produto adquirido com subvenção, “porque a subvenção que está em vigor agora do diesel é para atender o mercado interno”.

Em suma, a proposta apresentada pela ANP é tão suicida que nem mesmo a direção da companhia, responsável pela perda de mercado na distribuição com sua questionável política de preços, consegue concordar integralmente com ela. A previsão da agência é que a nova resolução seja publicada até o final de outubro deste ano.

Por fim, na esteira das ideias “fan­tásticas” da direção da Petrobrás Distri­buidora, a Reuters publicou que espera­-se que o Conselho de Administração aprove ainda neste ano uma “nova modelagem ou parceria envolvendo lojas de conveniência”.

O Sindipetro-RJ tem denunciado as intenções da empresa em saquear mais um lucrativo negócio do Sistema Petrobrás.

 

Versão do impresso Boletim LXXXIV

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