Mulheres em protesto no Rio pela legalização do aborto

Na tarde/noite desta quara-feira (8) milhares de pessoas participaram da Manifestação Mulheres pela Legalização do Aborto que teve concentração inicial, a partir de 15h, nas escadarias da ALERJ, prosseguindo às 18h em marcha até a Cinelândia, onde foi finalizada.

“É muito importante à realização de manifestações que tem acontecido pelo país inteiro para que o aborto deixe de ser crime, para que as mulheres deixem de morrer ou tenham sequelas graves por abortos realizados de maneira clandestina. Essa luta das mulheres aqui no Brasil também faz parte do conjunto de lutas da classe trabalhadora” – explicou Danielle Bornia, do Movimento Mulheres em Luta.

https://www.facebook.com/sindipetrorj/videos/2456328881075875/?t=1

Segundo o Esquerda Online quase um milhão de abortos são realizados por ano no Brasil. Mais de 600 internações por complicações são registradas por dia. Significa 9% da mortalidade materna, e é responsável por 25% dos casos de esterilidade. Uma a cada cinco mulheres já abortaram. Na sua maioria, tem religião, são mais velhas e tem filhos. São essas as mulheres que quando morrem deixam filhos e uma família desestruturada, pois muitas dependem delas.

Questão de saúde pública

O debate sobre o aborto trata, sobretudo, de uma questão de saúde pública como afirma a professora Samantha Guedes – diretora licenciada do Sepe.

“A legalização do aborto no Brasil é uma necessidade de saúde pública. A cada dois dias morre uma mulher por causa de aborto clandestino, sendo essas vitimas compostas em sua maioria por  mulheres trabalhadoras negras. A questão da educação sexual está muito latente, não adianta fazer aborto a torto e a direito, se exige e é necessário, a aplicação de políticas protetivas e políticas públicas relacionadas as mulheres. Veja bem, além de não ter o direito a fazer o aborto, as mulheres não têm como colocar seus filhos em creche pública, de dispor de um sistema de saúde pública que funcione, saneamento básico, moradia, ou seja: o Estado não dá o direito da mulher ser mãe ou quando ela também não quer ser” – disse. O Ministério da Saúde divulgou recentemente que nos últimos 10 anos gastou cerca de R$ 500 mi com o tratamento de complicações causados por abortos clandestinos.

“Eu quanto mãe, optei duas vezes pela maternidade e estou aqui com meus dois filhos. Muitas mulheres engravidam por falta de educação sexual e até mesmo por falta de recursos para comprar um simples anticoncepcional, que na maioria das vezes faz mal à saúde. Acontecem situações de falta de orientação em família e vergonha de conversar com um médico que possa indicar algum método contraceptivo, ainda existe muito tabu na sociedade sobre isso. E diante disso, a maioria das mulheres jovens e negras acaba por recorrer ao aborto clandestino. Por isso, é necessário que o aborto seja seguro e legal. Pois só pode fazer fora do país que tem dinheiro” – disse  Rebeca Brício, a doula, assistente de parto.

Uma luta global

O ato também era uma vigília em solidariedade às mulheres da Argentina que aguardavam o resultado da votação no Senado daquele país para a legalização do aborto. Como declarou a deputada María Espinosa do partido Podemos da Espanha, presente ao ato.

“Esse é um movimento internacional, pois todas as mulheres do mundo apoiam as mulheres argentinas que lutam para que o aborto seguro seja lei naquele país. Na Espanha o aborto é restrito, sendo, considerado em apenas em três situações (risco à saúde física ou psíquica da mulher, estupro e malformação do feto). Lá as mulheres conseguiram um grande êxito que foi impedir a realização de reformas promovidas pelo Partido Popular, que estava no poder,  em que o objetivo era punir criminalmente mulheres que tivessem feito o aborto clandestino. Mas as mulheres foram às ruas e impediram isso” – informou a deputada.

https://www.facebook.com/sindipetrorj/videos/2456389357736494/?t=99

 

Senado argentino rejeita legalização do aborto

Após uma sessão que durou mais de 16 horas, o Senado da Argentina rejeitou na madrugada desta quinta (9) o projeto de lei que legalizaria o aborto no país, ele foi derrotado no Senado por 38 votos contra, 31 a favor e duas abstenções.

Com proposta, que havia sido aprovada pela Câmara e, agora rejeitada no Senado, seria possível interromper a gravidez durante as primeiras 14 semanas de gestação. O projeto previa também que o aborto fosse realizado em qualquer hospital ou clínica e obrigava o Estado a cobrir o custo do procedimento, dos medicamentos e dos tratamentos de apoio necessários.

Destaques