Brasil está no topo do ranking mundial de acidentes de trabalho

Por Rosa Maria Corrêa

Na Petrobrás, política nefasta de privatistas expõe a vida dos trabalhadores

O Brasil está atrás da China, Estados Unidos e Rússia no ranking de acidentes fatais. Dados do Ministério do Trabalho e Previdência de 2019 informam que houve 586.857 acidentes no Brasil. Uma média de 1.607 acidentes por dia! Os acidentes mais comuns são queda, choque, golpe provocado por ferramenta, lesões por esforço repetitivo (LER) e distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho (DORT).

E no Brasil, mesmo com a drástica mudança laboral causada pela pandemia, os dados de 2020 são considerados altíssimos com 403.694 acidentes. E faz-se necessário atentar para a forte subnotificação que existe em todos os níveis e de todas as formas na sociedade.

Na planilha do governo, que tornou-se totalmente on-line, aparecem registros – em separado dos dados totais – de acidentes sem Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) registrada: 99.118 em 2019 e 42.120 em 2020.

Fundacentro analisa dados de uma década

Em artigo publicado pela Fundacentro, órgão governamental de pesquisa em Saúde e Segurança do Trabalho, parceiro do Sindipetro-RJ em palestras e debates sobre diversos temas, verificamos que a mortalidade por acidentes de trabalho no Brasil é alta, se mantém estável, e atinge principalmente homens na faixa de idade produtiva (20 a 59), negros, índios e pessoas com baixa escolaridade (sem instrução ou ensino fundamental incompleto).

Segundo os pesquisadores que assinam o estudo – Lizandra da Silva Menegon, Fabrício Augusto e Emil Kupek – há de se considerar ainda que os números possivelmente são maiores, porque os acidentes que acontecem com os trabalhadores informais ainda são subnotificados.

Foi analisada uma faixa de 10 anos (2006-2015), fazendo-se a conferência de dados com o Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde e do IBGE. A mortalidade de trabalhadores com menos de oito anos de estudo que ocupam postos de trabalho mais precarizados e com maior exposição a riscos e condições de segurança foi 15 vezes superior à daqueles com 12 anos de estudo ou mais!

Consulte: https://www.scielo.br/j/rbso/a/yqfTRqkFcND3MdkqgNPV5pw/?lang=pt#

Insegurança na Petrobrás

Nos planejamentos apresentados pelos privatistas na Petrobrás está a venda de ativos como as refinarias que para tornarem-se negócios atrativos são colocadas em baixa produção com sucateamento e precarização da mão de obra colocando em risco a vida dos trabalhadores e das populações que vivem no entorno das unidades.

No Brasil, é fato que quando os acidentes ocorrem as vítimas entram em uma luta sem fim por justiça. Entre os tantos casos de espera, está o do grupo de sobreviventes da tragédia na Petroquisa, em 1972, que nunca receberam a reparação prometida. https://sindipetro.org.br/direcao-da-petrobras-nao-ajuda-sobreviventes-de-1972/

Na REDUC, os constantes acidentes tornaram-se históricos. Em fevereiro deste ano, um deles deixou como vítima fatal o petroleiro José Arnaldo de Amorim. https://sindipetro.org.br/terceirizado-morre-na-reduc1/

Terceirização descontrolada

Os contratos entre a Petrobrás e as empresas prestadoras de serviço, que deveriam ser feitos e fiscalizados com rigor, correm à solta. Há permanentes denúncias dos trabalhadores sobre assédio, passando por ausência de direitos e injustiças.

Muitas vezes, sem a devida capacitação para exercer as funções exigidas, os terceirizados são jogados em unidades que exigem severos protocolos de segurança. Mas, a maioria é exposta aos desmandos de chefetes preocupados em agradar patrões que só abocanham no final do mês o valor do contrato com a Petrobrás e enriquecem explorando e pagando míseros salários aos trabalhadores.

Unidade e mobilização

Mas, os terceirizados estão cada vez mais mobilizados na luta por direitos e contam com o apoio dos trabalhadores próprios e do Sindipetro-RJ.

No GASLUB, por exemplo, no início deste mês, os trabalhadores terceirizados entraram em greve pelo direito ao adicional de periculosidade! https://sindipetro.org.br/terceirizados-greve-gaslub/

No TABG, somente com uma forte greve de terceirizados de várias empresas que prestam serviços na unidade foi possível conquistar direitos básicos como plano de saúde e vale refeição. https://sindipetro.org.br/greve-no-tabg-e-vitoriosa/

O Sindipetro-RJ está em luta permanente contra a falta de segurança que faz parte da política nefasta dos privatistas no alto escalão da estatal que priorizam o atendimento ao mercado agradando aos investidores – acionistas minoritários – em detrimento do povo brasileiro.

Por uma Petrobrás 100% estatal, pelo e para o povo brasileiro!

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