Carta aberta de um trabalhador ao presidente da Transpetro

O Sindipetro-RJ reproduz uma carta aberta direcionada ao presidente da Transpetro, Sergio Bacci. O documento foi produzido por um trabalhador do CNCL que pediu anonimato. Na carta é denunciada a situação de abuso e perseguição aos trabalhadores próprios do CNCL. São práticas revanchistas por conta da greve realizada em agosto de 2022

 

Confira a íntegra da carta aberta

 

Ao presidente da Transpetro

Prezado, eu e a maioria dos trabalhadores da Transpetro ainda não lhe conhecemos bem e sempre buscamos alguma referência com um ou outro conhecido e, ao menos no meu caso, o que encontrei foi sempre algo do tipo “ ele é aberto”, “ nem se compara com esses burocráticos” , “ele é povão”… com tudo isso, continuo sem ter a minha própria opinião sobre o senhor, contudo, devido à gravidade das circunstâncias, vou apelar para a impressão e referência que sei que essas pessoas tem do senhor. E o caso é o seguinte:

Os trabalhadores do CNCL da Transpetro estão sendo humilhados e tendo seus direitos sagrados de salário e férias lesados, explico. É sabido que houve um movimento de greve em agosto de 2022, movimento esse motivado principalmente por uma ameaça do RH da Transpetro de retirar o adicional de Mestra do CNCL.

Para efeito de entendimento, este movimento pode ser dividido cronologicamente em três fases – os dias antes da formação do grupo de contingência (GC), os dias dentro do grupo de contingência e os dias em que cada trabalhador(a) voltou ao trabalho na sua escala normal de turno – na primeira fase, apesar de ser cumprido o rito legal pelo sindicato, a greve iniciou sem acordo para formação de grupo e escala de contingência, por tanto, neste período, cada trabalhador(a), a cada dia, avaliou e decidiu por aderir ou não a greve, e assim foi feito.

Na segunda fase, a gerência do CNCL chamou as lideranças sindicais para acordarem a formação da escala e dos grupos de contingências para TODOS OS POSTOS da sala de controle do CNCL e a terceira fase fica somente com o retorno de cada trabalhador(a) ao seu grupo de turno, respeitando as datas das folgas e das jornadas de cada um dos 5 grupos de turno. Isto posto, para quem objetiva uma análise honesta, isenta de revanches e de boa fé, mostra-se óbvio que não faz NENHUM sentido trabalhadores(as) que NÃO FORAM CHAMADOS para cumprir expediente no grupo de contingência serem descontados em seus salários e em seus dias de férias, e isso está acontecendo até hoje.

Peço ao senhor que apure o que estou dizendo e tire suas conclusões e possíveis medidas, para isso, sugiro que o senhor faça algumas perguntas ao desdenhoso gerente setorial do CNCL:

1 – Como o trabalhador sabe que é seu dia de trabalho?

Resposta honesta: ele tem a escala de seu grupo de turno definida e segue-a;

2 – Como o trabalhador se desloca até o posto de trabalho?

Resposta honesta: o CNCL programa um carro para buscá-lo e levá-lo;

3 – A escala de trabalho foi alterada durante a greve?

Resposta honesta: SIM, foi formada uma escala para atender ao regime de contingência e os trabalhadores não tiveram nenhuma alternativa a esta escala;

4 – Algum trabalhador(a), dentro desta escala de contingência acordada entre a gerência e o Sindicato, teve o transporte programado e, por decisão própria, não usou?

Resposta honesta: NÃO, quando foi montada a escala de turno para o grupo de contingência, toda a programação de transporte que atende à escala de turno com os cinco grupos de turno foi revisada para atender EXCLUSIVAMENTE ao grupo de contingência.

Apesar de não falar em nome de ninguém, entendo e sei que essa é a visão da maioria dos colegas, que essas respostas sendo honestas, como apontado, são suficientes para que o senhor forme a sua opinião sobre os fatos e igualmente de forma honesta despache no sentido de reversão desses descontos abusivos e revanchistas impostos pelo gerente de Folha de pagamento com anuência total do gerente setorial do CNCL.

Por fim, gostaria de esclarecer dois pontos:

Esse pleito não se trata de ANISTIA, o pleito é de devolução dos dias não escalados para trabalhar durante a escala de contingência e os dias das folgas referentes às escalas regulares de cada um logo após o fim da greve;

Eu peço anonimato ao Sindicato/Federação devido ao fato da cultura de perseguição que impera subliminarmente nos editais de algumas posições da Cia, contudo, os fatos estão aí e a entidade sindical tem domínio de tudo, mas caso não julgue suficiente, estou aqui e os diretores sabem como chegar até mim sem envolver qualquer outro superior da Companhia.

 

Sds Petroleiras!!

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