O Sindipetro-RJ esteve presente na CIPA CENPES (25/01/2023). Questões antigas se aprofundam, gerando insegurança geral na Unidade
Não é novidade que o Complexo CENPES/CIPD, como tantas outras Unidades da Petrobrás, vem sofrendo há décadas nas mãos de gestões que visam criar facilidades para o processo da privatização. E a situação em geral só tem piorado, levando à falta de segurança no trabalho que representa risco de vida e mexe com o psicológico dos trabalhadores.
Todos os problemas passam por descaso dos gerentes e decisões que colocam a Unidade e a vida dos trabalhadores em risco.
Estatística camuflada
A comunicação de incidentes é inexistente em alguns casos, incluindo alguns de alto potencial, que terminam mascarados e esquecidos sem formação de comissão de investigação.
Quanto aos acidentes, começando pela falha métrica da Taxa de Acidentes Registráveis (TAR), gestores escolhem quais acidentes devem ser ou não registrados, em situações classificadas em A, B ou C, levando a um resultado completamente distorcido da realidade.
Vale lembrarmos alguns casos recentes publicados pelo Sindipetro-RJ:
https://sindipetro.org.br/apagao-cenpes/
https://sindipetro.org.br/negacionismo-e-mentiras-no-cenpes/
https://sindipetro.org.br/queda-sistema-eletrico-cenpes-cipd/
https://sindipetro.org.br/cenpes-uma-unidade-gerida-sob-a-orientacao-do-caos/
Assim como o Sindicato sempre alerta oportunamente, a CIPA local tem feito um trabalho intenso de solicitar aos trabalhadores de todos os setores do Complexo CENPES/CIPD que façam registro de todo e qualquer incidente/acidente para que haja evidências inequívocas de casos com o devido acompanhamento feito pela CIPA e também pelo Sindicato.
Emissão de PT: responsabilidade terceirizada
Obviamente, existe muita responsabilidade envolvida na emissão de Permissões de Trabalho (PTs), a qual deveria ser feita apenas por empregados próprios devidamente capacitados e com condições de analisar no local o que será feito e como. Mas devido ao reduzido efetivo de petroleiros próprios em todas as áreas, os gestores têm escandalosamente articulado a terceirização da responsabilidade na emissão das PTs. Ou seja, ao invés de deixar clara a necessidade de mais efetivo em suas gerências e reduzir as atividades ao ponto em que consigam seguramente efetuar os gestores preferem o paliativo da terceirização e os gerentes SMS do CENPES e do COMPARTILHADO irresponsavelmente aceitam!
Os terceirizados não devem emitir PT por vários motivos, entre eles a alta rotatividade que não permite o aprofundamento de conhecimentos; a remuneração rebaixada que leva a mudanças de cargo e de Unidade; pressões patronais com demissões que dificultam a organização dos trabalhadores e inibem a denúncia e a cobrança de condições decentes de trabalho; falta de treinamento adequado para realizar a emissão com a necessária segurança exigida.
Mais terceirização
O Sindipetro-RJ vem contestando veementemente a introdução de operação terceirizada na Planta Piloto. Não bastasse o início deste contrato há alguns dias, ainda deslocaram um operador para trabalhar na Destilação da Radial 4.
Além disso, recebemos denúncias de que, ao apagar das luzes da gestão que está saindo da Petrobrás, vem sendo arquitetado, na surdina, em reuniões quase secretas, a divisão da Operação, a partir de 1º de fevereiro, em dois setores, um mais voltado para a industrial e outra para a predial, levando a crer que seria para facilitar ainda mais a terceirização da operação envelopada das plantas.
Leia mais em publicação especial sobre a irresponsável terceirização da operação nas gerências do CENPES: https://sindipetro.org.br/terceirizacao-operacoes-cenpes/
Efetivo mínimo
Um dos problemas que mais acarretam a falta de segurança no CENPES é a redução de efetivo, que é notável também em outras várias Unidades da Petrobrás. É hora de se abrir novas vagas na estatal através de concurso público, dando oportunidades ao imenso grupo de desempregados no país e preenchendo o quadro de efetivo que está abaixo do exigido para o funcionamento seguro operacional, por exemplo.
Um trabalhador não pode fazer o trabalho de dois profissionais, muito menos ficar sozinho num plantão, como vem acontecendo no CENPES. Na Planta Piloto, diga-se de passagem.
Esta era a mesma gerência onde a gestão burlou o ACT (marcação das HETTs efetivas) e que parou todas as atividades para um descontão geral no crédito do banco de horas dos operadores. Parece que lá vale tudo…
Todas estas demandas foram cobradas em reunião específica do Sindipetro-RJ com o RH da Petrobrás em dezembro/2022. É urgente que sejam tomadas medidas para garantir o correto funcionamento do Centro de Pesquisas da Petrobrás com proteção integral da saúde dos trabalhadores!
PS: tanto a questão da terceirização quanto do concurso para o nível médio será levado pelo Sindipetro RJ/FNP para a reunião que acontece hoje com o novo presidente da empresa, como uma pauta emergencial a ser freada pela nova gestão.
Capelas “explosivas”
Sem manutenção permanente e devida, algumas capelas do CENPES são muito antigas com mais de 30 anos e estão necessitando de reformas estruturais. Algumas não possuem nem saída de emergência! Numa delas, houve um acidente com quebra de vidros que chamou atenção da CIPA local. Foi formada uma Comissão para estudar o caso que já apresenta resultados importantes como propostas de uso de materiais alternativos ao vidro que sejam mais seguros e manutenção criteriosa de equipamentos, concluindo que estes equipamentos têm tanto o perfil estático quanto dinâmico, exigindo cuidados redobrados com a segurança.
Assédio sexual com estupro
Como o Sindicato vem informando e acompanhando de perto, há denúncias de casos de assédio sexual e até de estupro no CENPES. O agressor seria um empregado próprio da Petrobrás que, segundo as denúncias, está tão à vontade para assediar que estaria ameaçando quem está denunciando os casos. A CIPA local solicitou esclarecimentos à hierarquia sobre o assunto e foi marcada reunião com a CIPA e o Sindipetro-RJ. Saiba mais: https://sindipetro.org.br/e-ai-petrobras/
Transporte não atende
É inadmissível que a maior empresa da América Latina, que detém tecnologia de extração de petróleo em águas ultraprofundas, que paga dividendos bilionários a seus acionistas não consiga resolver um contrato exclusivo de transporte básico para os funcionários do seu Centro de Pesquisas. Atualmente, o CENPES é mal atendido, cotando com gestores indispostos a solucionar problemas.
Quanto ao retorno dos contratados ao serviço do fretamento, a CIPA local aguardou um estudo que foi prometido pela CENPES/INFRA, mas o resultado até agora não foi apresentado.
O CENPES fica na Ilha do Fundão, isolada, reconhecidamente insegura para pedestres e veículos onde há registro de assaltos constantes, mesmo assim a empresa retirou linhas de ônibus; está utilizando veículos que não possuem banheiros para longas distâncias; implantou vans que possuem portas manuais pesadas; dificultou a vida dos PcDs.
Então, quanto vale a economia que a empresa está fazendo com essa prática de transporte ineficaz, expondo a vida e a saúde dos empregados com um transporte deficiente? NADA.
A visão precisa ser a de que não interessa o custo do transporte e que todos os trabalhadores devem ser atendidos de forma igualitária. O que interessa é garantir segurança para os trabalhadores e que terminem práticas deprimentes e constrangedoras entre os trabalhadores como a de uma fila de terceirizados que precisa esperar os empregados próprios entrarem primeiro no ônibus e só poderem entrar se tiver algum lugar sobrando, levando-os muitas vezes a ter que correr para o ponto após perda de precioso tempo de descanso.
Portanto, a nova gestão precisa retirar o Centro de Pesquisas da Petrobrás da Idade da Pedra!