Chuvas causam fechamento da sede da Petrobrás

Com risco de curto circuito, resposta da EOR foi lenta e colocou trabalhadores em risco

O poder público só se lembra que durante o verão existem as tempestades depois que elas passam, causando perdas inestimáveis ao povo. Esse é o fato trazido todos os anos na cidade do Rio de Janeiro e que estamos presenciando mais uma vez nos últimos dias.

Desde às 17h da terça (08), o Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro atendeu cerca de 300 chamados e resgatou pelo menos 70 pessoas que ficaram presas ou ilhadas. Na zona Norte, uma criança de 2 anos morreu vítima de desabamento na Chácara do Céu. Em Saquarema, um homem de 26 anos morreu atingido por um raio.

EDISEN permanece fechado

O edifício sede da Petrobrás está fechado pelo menos até a sexta (10). Todos os trabalhadores estão no teletrabalho. O prédio foi atingido mais uma vez pelo grande volume de água que se acumula na rua (“rio”) dos Inválidos no Centro da cidade.

Apesar da empresa ter composto no dia uma Estrutura Organizacional de Resposta (EOR) para atuar no episódio, a FNP está cobrando esclarecimentos sobre o protocolo adotado visto os riscos para os trabalhadores no interior do prédio e denuncia que não estão sendo tomadas ações preventivas.

Lentidão e falta de prevenção

Segundo o diretor da FNP e do Sindipetro-RJ, Bruno Dantas, que estava no local, “o alarme de abandono do prédio só foi acionado em meio à situação mais grave, inclusive de curto circuito no prédio, às 21h30”. Bruno criticou a lentidão na tomada de decisão da EOR: “a evacuação poderia ter acontecido no meio da tarde quando ainda havia uma situação muito mais segura e controlada”.

Por outro lado, um dia depois do arrasador temporal de terça (08), o prefeito Eduardo Paes (PSD) só apareceu para pedir para os cariocas ficarem em casa. O que ele poderia ter feito?

Estudo apontou 100 recomendações

“Não dá para evitar as chuvas, mas dá para evitar os desastres”. Essa foi a conclusão, em 2019, por exemplo, da CPI das Enchentes que foi formada na Câmara de Vereadores após as chuvas que arrasaram a cidade entre os meses de fevereiro e abril.

A CPI contou com a participação de sete dos mais renomados peritos – professores e pesquisadores da UFRJ, UFF e Fiocruz; recebeu mais de 40 mil páginas de documentos; realizou 27 sessões; fez 17 visitas em comunidades atingidas; ouviu 17 órgãos e fez cinco indiciamentos.

O relatório final tem 542 páginas e 100 recomendações ao poder público: https://rfinal-cpienchentes.s3-sa-east-1.amazonaws.com/Relat%C3%B3rio-Final.pdf

Sem anistia

Muitos falam que “entra governo e sai governo e nada melhora”, mas certamente essa rotatividade impera, porque os agentes públicos passam pelos cargos, saem e não são responsabilizados por seus erros.

No caso das enchentes relatadas pela CPI, por exemplo, foram indiciados Marcelo Crivella (era prefeito e hoje é bispo de igreja neopentecostal); Edson Tavares da Silva e Rodrigo Bissoli, ambos eram da Subsecretaria de Proteção e Defesa Civil; e Sebastião Bruno, que era Secretário Municipal de Infraestrutura, Habitação e Conservação. Eles tinham diminuído em 78% o orçamento para gasto e controle de enchentes!

Quanto à Petrobrás, é urgente, como a FNP reivindica, a “desconstrução da gestão bolsonarista em toda a empresa”!

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