Em tempos de “passar a boiada”, segue o feirão das refinarias

Processo operado por banco estrangeiro revela também possível conflito de interesse

A Petrobrás anunciou no dia 3 de dezembro que concluiu a fase de negociação com o Grupo Mubadala, um fundo estatal de investimento dos Emirados Árabes, no processo para venda da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia.

Conforme prevê a Sistemática de Desinvestimentos da Petrobrás, o processo está, atualmente, em fase de nova rodada de propostas vinculantes. Nessa nova rodada, a Petrobrás solicitou a todos os participantes que submeteram propostas vinculantes, inclusive o Grupo Mubadala, que apresentem suas ofertas finais com base nas versões negociadas dos contratos com o Mubadala. A Petrobrás disse espera receber essas ofertas em janeiro de 2021.

Possível conflito de interesses

O que não fica claro nesses processos de venda é por que se faz o anúncio de uma possível formalização de negócio se o processo de apresentação de ofertas ainda não foi finalizado? Outro ponto que merece atenção: a Petrobrás contratou os serviços do Citigroup (Citibank) para coordenar as vendas de suas refinarias e esta empresa já prestou serviços ao Mubadala em negócios também do setor de petróleo quando, por exemplo, em maio de 2018, participou da organização de uma IPO que pretendia pulverizar 30% das ações que detinha da petrolífera espanhola Cepsa . Isto significa um potencial conflito de interesses, contrariando as tão declamadas práticas de compliance, arrotadas sistematicamente pela direção da Petrobrás ?

E para colocar mais lenha nesta fogueira, em setembro, último, o Bloomberg noticiou, e foi republicado no Valor Econômico , que o Citigroup recomendava aos seus clientes investidores a troca de ações europeias por participação em fundos emergentes como o Mubadala e o fundo Autoridade de Investimento do Qatar.

A felicidade de Castello tem um preço: a soberania do Brasil e o desmonte da Petrobrás

No mesmo comunicado a direção da Petrobrás informa que também já recebeu propostas pela Refinaria Lubrificantes e Derivados do Nordeste (LUBNOR) e pela Unidade de Industrialização do Xisto (SIX).

“Feliz” pelo estrago que está fazendo ao patrimônio da empresa e do Brasil, Roberto Castello Branco defendeu que a atuação no mercado global dá à Petrobrás maior flexibilidade para reagir diante de uma crise como a que estamos vivendo, que em um primeiro momento reduziu muito o consumo de combustíveis no Brasil. Ou seja, a perda da capacidade de crescimento econômico do Brasil, e a ociosidade do refino abrem o caminho para desmontar o setor de petróleo em sua produção de insumos de valor agregado no país. Quanto mais crise, mais fácil desmontar a Petrobrás.

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