Entrega do gás: a história se repete – TBG na alça de mira

É incrível como a história se repete, são as mesmas mentiras em manchete: “vamos acabar com os monopólios”; “a concorrência vai trazer redução nos preços do gás natural”; “o consumo vai crescer”; “a qualidade dos serviços vai melhorar”.

Depois de 20 anos das privatizações das duas maiores empresas distribuidoras de gás canalizado do país, a COMGÁS em São Paulo e a Naturgy (ex CEG) no Rio de Janeiro, o que aconteceu com o setor?

1- O preço do gás natural vendido aos consumidores ficou mais barato?

2- O setor cresceu como afirmavam que iria acontecer? 3- Os serviços prestados à população melhoraram em qualidade?

RESPOSTAS: Não, não e não! Nenhuma das afirmações se confirmou. Pior, o monopólio saiu do controle do Estado e foi substituído pelo monopólio privado que não cumpriu suas promessas de investimentos e melhorias.

O volume de gás natural consumido no Brasil evoluiu, nesses 21 anos, de 13 milhões de metros cúbicos por dia para os atuais 52 milhões, resultado pífio se considerarmos o crescimento vegetativo e, principalmente, quando verificamos que mais de 25% dele é destinado para a geração de eletricidade nas termelétricas, segmento que somente depois de 2001, quando tivemos o racionamento de energia, passou a ser objeto do desejo das distribuidoras; os demais mercados praticamente não evoluíram. O único destaque neste sentido seria o de gás natural veicular, o que por sua vez representa uma distorção de uso, a menos que em substituição ao diesel, em veículos pesados.

Seja como for, esse crescimento se deu às custas da Petrobrás, mas o ministro Guedes diz que ela tem que vender seus ativos nos setores de transporte e distribuição do combustível, entregando as ações que possui na Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil S/A – TBG, as que restam da Nova Transportadora do Sudeste S/A – NTS e, nas empresas estaduais de gás (são 19 das 27 empresas existentes no país), e que os estados controladores dessas empresas façam as respectivas privatizações, para que “novos agentes” entrem no setor.

Tudo isto, já não deu certo e é mais um ataque contra os esforços da Petrobrás e o próprio planejamento energético do país, pois há necessidade de novos investimentos, mas para a ampliação e interiorização da malha de gasodutos por novos investidores e operadores e não a mera compra da malha já instalada e a substituição do operador público por monopólios privados regionais. Portanto, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), no mínimo, se equivoca. O Cade também.

Já o ministro banqueiro e oportunista Paulo Guedes vê nestes “equívocos” grandes oportunidades, pois os fundos de investimentos de seu banco e de seus pares se beneficiarão a cada novo negócio de entrega de patrimônio da Petrobrás.

Enquanto isto, Castello Branco trabalha duro para facilitar a entrega do mercado de gás que a Petrobrás desenvolveu nos últimos anos e não se importa com o futuro da empresa, só com suas chances de multiplicar sua remuneração por 13. Isto é, ganhará, em bônus, mais de 1000 vezes da menor remuneração paga a um trabalhador sem função gratificada da Petrobrás.

O escoamento e a distribuição de gás, via regra, constituem monopólios naturais. Não cabe à Petrobras entregar seus ativos e sim à ANP ter competência para cumprir a função que realmente lhe compete. Texto baseado na matéria “Um novo mercado de gás natural?”

Texto baseado na matéria “Um novo mercado de gás natural?” – https://monitordigital.com.br/um-novo-mercado-de-gas-natural

Veja a apresentação sobre o mercado de gás e a propaganda enganosa da privatização de 1995 http://bit.ly/PalestraGás

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