Para o povão gás de cozinha (GLP) caro, para o barão da indústria gás natural (GNL) barato

Enquanto preço do gás de cozinha dispara, direção da Petrobrás anuncia acordo para venda de gás natural mais barato para empresa siderúrgica

Na segunda-feira (13/09) a Petrobrás anunciou uma parceria para fornecimento de gás natural para a Gerdau, em sua unidade me Ouro Branco/MG. Segundo a direção da Petrobrás o acordo representa a primeira migração contratual de um cliente do mercado cativo para o mercado livre e um marco no processo de abertura do mercado de gás natural (GNL).

Rodrigo Costa, diretor de Refino e Gás Natural da Petrobras afirma que “O acordo direto, entre a Petrobrás e a Gerdau, materializa a orientação da Petrobrás de ir ao encontro dos objetivos do consumidor, ofertando novos produtos e soluções comerciais aderentes às necessidades dos clientes, garantindo confiabilidade, competitividade, flexibilidade e satisfação para ambas as empresas”.

Cabe lembrar, que o empresário Jorge Gerdau Johannpeter, dono da Gerdau, integrou o Conselho de Administração da Petrobrás durante 13 anos, entre 2001 e 2014.

Privatização do gás só beneficia monopólios

“As mudanças no mercado de gás natural, com os acordos da Petrobrás com o CADE para venda dos gasodutos, Programa “Novo Mercado do Gás” e a “Nova Lei do Gás” (sancionada em abril deste ano), não estão trazendo nenhum benefício para os brasileiros. Basta ver o GLP (um quarto deste produto é feito com gás natural) 31% mais caro em um ano, o GNV 42% mais caro para o mesmo período. Os gasodutos foram entregues à monopolistas privados, a Gaspetro repartida entre a Mitsui e a Cosan, que agirão como um duopólio na distribuição estadual de gás. Mas para algumas grandes empresas, como a Gerdau, será possível fugir dos preços abusivos através do mercado livre” – explica Eric Dantas, economista do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (IBEPS).

Enquanto isso, grande parte da população brasileira sofre os efeitos da PPI – Preço Paridade de Importação, que atrela preços de derivados de petróleo como do gás de cozinha (GLP) ao mercado internacional e custos de importação.

Vale PPI para o barão da indústria?

Sobre o contrato entre Petrobrás e Gerdau, ninguém sabe, ninguém viu. E a pergunta que fica é se a direção da Petrobrás vai aplicar “PPI” no contrato com o barão da indústria, como faz com a população brasileira nos preços da gasolina, diesel e gás de cozinha?

Já vendido em algumas regiões do Brasil a R$ 135, o abandono do uso botijão de gás de cozinha por falta dinheiro coloca vidas em risco, com famílias apelando para o uso de alternativas perigosas como fogareiros a álcool e a lenha.

Desde o início do ano, o preço médio do botijão de gás aos consumidores subiu quase 30%, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), passando de R$ 75,29 no final de 2020 a R$ 96,89 na semana passada. A alta é mais de 5 vezes a inflação acumulada no período, de 5,67%.

Observatório Petrobrás

O Sindipetro-RJ/FNP, em conjunto com o Observatório Petrobrás, uma organização que analisa e divulga os impactos que a privatização da Petrobrás tem gerado para o povo brasileiro, têm sistematicamente denunciado o quanto a atual política de preços dos combustíveis praticada pela direção da Petrobrás, sob ordens do governo Bolsonaro, tem prejudicado a maioria da população brasileira.

Para saber mais acesse https://observatoriopetrobras.com/

 

Imagem: Petrobrás

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