Governo Bolsonaro obriga Petrobrás a fazer negócios em Israel

Atualizado em 4 de abril de 2019 – 14h14

Ministro israelense informa que empresa participará de leilão de áreas com poucos interessados

Durante a visita oficial de quatro dias do presidente Bolsonaro a Israel foi anunciado que a Petrobrás participará do próximo leilão no país para exploração de petróleo e gás offshore, segundo afirmou o ministro de Energia de Israel, Yuval Steinitz.

Israel leiloará 19 novos blocos offshore na costa do Mar Mediterrâneo. Uma disputa anterior gerou propostas de apenas duas empresas. O ministro de Energia de Israel disse, à imprensa local, esperar maior competição na próxima rodada.

O ministro israelense disse ter se encontrado há três semanas com ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, que também fez parte da comitiva oficial brasileira. “Ficou acordado que a Petrobrás, que está entre as maiores companhias de energia do mundo, tomará parte no processo de exploração de petróleo e gás em Israel” – afirmou Steinitz em entrevista a uma rádio local.

Sobre o assunto, O Estado de S. Paulo informa que o porta-voz do governo brasileiro, Otávio Rêgo Barros não confirmou a informação. Disse que “checaria com os colegas o que o negócio queria dizer”, pois não tinha mais detalhes. Em nota, o Ministério de Minas e Energia informou apenas que o ministro Bento Albuquerque havia se encontrado com Steinitz e tratado de uma possível participação da Petrobrás em um leilão de gás natural no país.

Vale lembrar que o discurso da direção da companhia nos últimos anos é de gestão de portfólio de negócios visando a rentabilidade, o que significa também encolher sua presença no exterior para se concentrar no desenvolvimento do Pré-Sal, que é o foco do seu plano estratégico. Por conta disso, a Petrobrás tem torrado seus ativos no exterior a preços de banana, embora também faça força para entregar o que é seu, como é o caso da Cessão Onerosa na área do Pré-Sal.

Tudo, agora, explicitamente, contrariando a política de gestão de portfólio que justificava a entrega de ramos inteiros de negócio (desarticulando as sinergias da integração), ou a saída ou o não investimento em novos negócios no exterior (poupando recursos para o Pré-Sal). Assim, se constata que não há gestão nem para investimentos ou para desinvestimentos, mas pura interferência política e ideológica na condução dos “negócios”.

Petróleo de xisto em área de conflito

Em 2015, Israel anunciou a descoberta de uma significativa reserva de petróleo de xisto nas Colinas de Golã, território conquistado da guerra contra a Síria em 1967. Nem a ONU reconhece a soberania israelense sobre as Colinas, nem a União Europeia.  Será que obrigarão a Petrobrás a entrar nessa furada?

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