Hesitação de gestores da Petrobrás pode ser fatal

Radicalidade e velocidade são fundamentais para achatar a curva

A FNP participou na quinta (19) de uma reunião virtual que contou com representantes dos Sindipetros RJ, SJC e LP e dos representantes da empresa do RH Corporativo e do Comitê de Crise.

A reunião foi convocada pelo Comitê para tratar das medidas anti-Covid no Refino e no G&E.

Embora questionados, não responderam nada sobre offshore nem outras áreas e, depois de duas horas de reunião, não avançaram em nada além da implantação temporária do turno de 12 horas na maioria das áreas (12 H- Carta TIR 12), apesar de estarem cientes do doc enviado pelo Sindipetro-RJ (http://bit.ly/cartacovid) e de outros sindicatos, com uma série de medidas emergenciais propostas.

Apesar de nossos protestos, o resultado da reunião foi este ofício anexo e a promessa de nova reunião, para a qual seguimos de plantão 24h aguardando nova conversa, que avance imediatamente para o conjunto de medidas necessárias para a Petrobrás fazer sua parte para achatar a curva da disseminação do vírus.

Além da mudança na escala dos turnos terrestres, a direção da empresa implantará, também de forma unilateral, o novo esquema de embarque, que prevê sete dias de confinamento em hotel, pré-embarque, 21 dias de trabalho na plataforma e 14 de folga. Ofício – RH -RSGE-RSIND 0050-2020

“É necessário reduzir suas atividades ao essencial e efetividade nas medidas de saúde, não apenas realizar menos trocas de turno”, disse o diretor do Sindipetro-RJ e coordenador da FNP, Eduardo Henrique.

O Sindipetro-RJ reafirma que o fundamental mesmo, porém, é avançar imediatamente para o isolamento total e parada de produção.

Não é possível que as obras nos empreendimentos sigam livremente, nas salas de emissão de PTs transitem dezenas de pessoas, os refeitórios de refinarias continuem funcionando como centro de disseminação e plataformas de manutenção com centenas de trabalhadores provenientes de diversos países.

“A Petrobrás não pode esperar que a situação piore para tomar as medidas definitivas para a contenção deste vírus. Não podemos ouvir declarações do Comitê de Crise que ‘não sabemos como vai se desenvolver a situação’. Precisamos agir, agora, imediatamente, com força total!”, alertou Eduardo Henrique.

O não atendimento às exigências dos sindicatos e a falta de diálogo com os trabalhadores e seus representantes é característica da gestão, mas se torna uma irresponsabilidade criminosa ao potencializar a derrota no combate à pandemia.

O RH comprometeu-se a responder aos ofícios enviados nos últimos dias pela FNP e seus sindicatos que cobram um Plano de Contingência mais efetivo.

Solicitamos a todos que nos enviem informes sobre como estão as medidas implementadas em cada gerência – higiene, distanciamento social, carga de trabalho, efetivo, emissão de PTs, manutenções, transporte etc.

“É fundamental a participação dos sindicatos, nacional e localmente, para a construção, formalização, implantação e fiscalização de iniciativas importantes neste momento crítico. Há vários detalhes para acompanhar que estão deixando os trabalhadores inseguros e tensos. Desde quem já tinha comprado passagem para o embarque, até colegas com mais de 60 anos trabalhando, passando por falta de álcool gel, orientações sobre transporte e teletrabalho, terceirizadas que não implantaram medida alguma… Sem falar no principal que é a redução total das atividades, como já comentamos.” completou Eduardo Henrique.

A conta não pode estourar novamente nas costas dos trabalhadores!

É fundamental também lembrar que nada disso pode significar demissão, prejuízo financeiro, perda de direitos.

As empreiteiras não podem demitir centenas como já estão fazendo. Petrobrás, governo e os atravessadores de mão de obra têm que se responsabilizar para não aumentar ainda mais o caos social que se aproxima, enquanto empresários e gestores preservam seus ganhos e sua saúde.

 

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