Incidente de Alto Potencial de Risco Minimizado pela hierarquia do Complexo CENPES/CIPD

O Sindipetro-RJ refuta a classificação do incidente de alagamento de cisterna como incidente classe 0

No sábado (31/10), ocorreu um grande alagamento no subsolo da cisterna 2 por volta das 17h. Após a identificação da inundação pela equipe da operação, rapidamente precisou-se efetuar o desligamento no Centro de Comandos de Motores (CCM) localizado na Subestação (SE Restaurante Central) de todos os equipamentos que estavam localizados no ambiente do evento, pois estes equipamentos estavam totalmente submersos.

Foto 1

A região do subsolo da cisterna 2 é basicamente dividida em três partes.

A primeira região é onde ficam localizadas duas bombas para elevação (envio para tratamento) de água proveniente dos drenos das cisternas 2A e 2B, um parque de oito bombas – de água potável e pluvial – para elevação de água potável e água de reuso para seus respectivos castelos d’água.

A segunda região é composta basicamente por três bombas da Rede de Água e Combate a Incêndio (RACE), são elas: bomba jockey, bomba elétrica e bomba diesel.

A terceira e última região é onde tem a escada de acesso para o subsolo – ambiente inundado – e outro poceto com duas bombas para escoamento de água do piso de todo ambiente, ou seja, das três regiões citadas.

Como descrito acima, fica evidente que um total de quatorze bombas ficaram inoperantes após desligamento na subestação. Por sorte, não ocorreu um curto circuito tanto na região do subsolo da cisterna 2, quanto no painel elétrico da subestação (CCM), visto que as bombas estavam energizadas eletricamente até o desligamento pela equipe de operação que se deu após a região já estar completamente inundada.

A água ocupou uma altura de no mínimo 0,7 m na região mais elevada (vide foto 1), adentrou na bomba de incêndio à diesel (vide foto 2) entre outros fatores.

Foto 2

No domingo (01/11) dois caminhões a vácuo foram demandados para tentar succionar (aspirar) á água da região inundada, mas não foi possível. Visto a ineficácia da ação, foi necessário se utilizar mais um recurso externo. Foi mobilizada uma bomba de grande porte da REDUC, com a qual se conseguiu realizar a tarefa de esgotamento da água do subsolo da cisterna 2. Entretanto, esta atividade demandou bastante tempo e só foi concluída na segunda-feira (02/11), feriado.

Só após eliminar toda água do subsolo que a equipe de manutenção pôde iniciar sua atuação para reparo nas bombas, principalmente na bomba jockey (mantém a pressão da RACE em torno de 6,0 Kgf/cm²) e nas bombas de água potável. Neste mesmo dia, iniciou-se uma corrida contra o tempo para manutenção poder normalizar as bombas citadas. Foi preciso convocar extraordinariamente a equipe da Petrobras e das empresas VGK (mecânica) e LOGICTEL (elétrica) em pleno feriado para efetuar a manutenção nas bombas citadas.

Neste período – inoperância das bombas – a pressão na RACE praticamente zerou e o nível do castelo 2A de água potável diminuía gradativamente, pois não havia bomba disponível para transferir água da cisterna 2A para o seu respectivo castelo de água potável.

Durante a manutenção, diversas bombas foram colocadas em estufas para secar seus componentes (motor, caixa de ligação elétrica, etc). Recebemos denúncias de que a pressão gerencial continuou perante a equipe, visto que a força de trabalho da Expansão do Complexo CENPES-CIPD precisaria ser liberada na terça-feira (03/11), caso não conseguisse colocar em operação pelo menos uma bomba de água potável, visto que não haveria água para beber e nem para higienizar as mãos em plena pandemia da COVID-19. Mas a manutenção dos equipamentos não é tão simples, pois envolvia movimentação de cargas – subir e descer vários motores – entre outros aspectos intrínsecos de reparo que demandariam tempo.

Diante da complexidade do reparo e o tempo se esgotando, foi acionado novamente recurso externo e trouxeram um outro motor – diferente do original – compatível com a bomba de água potável para pelo menos uma (1) ser colocada em funcionamento. Na madrugada do dia 03, por volta das 04h da manhã, conseguiram operacionalizar uma bomba de água potável. E a partir daí iniciou-se urgentemente a reposição do Castelo de água potável, visto que a força de trabalho chegaria nas próximas horas, por volta das 7h da manhã.

Cabe ressaltar que a manutenção nas treze (13) bombas – de água potável, água de reuso, de poceto e bomba jockey – só foram concluídas ao longo da semana, terminado somente no dia 09 de novembro.

Em resumo, as situações que caracterizam o alto potencial de risco do evento são:

·        Alto risco de curto circuito nos equipamentos (bombas e painel elétrico), seguido de incêndio e/ou explosão;

·        Indisponibilidade por um período da bomba de incêndio elétrica da RACE, diminuindo em 50% a capacidade (segurança) de combater um sinistro no Complexo CENPES/CIPD. OBS: No dia 31/10 houve um incêndio no banco de baterias do CIPD.

·        Acionamento de diversos recursos externos: caminhões à vácuo, bomba REDUC, motor sobressalente;

·        Acionamento da equipe de manutenção própria e contratada no domingo e feriado;

·        Risco de liberação da força de trabalho da Expansão do CENPES por falta de água.

Importante destacar que se a segunda-feira não fosse feriado, inevitavelmente a força de trabalho não teria condições de trabalhar sem água potável para consumo e higienização.

O Sindipetro-RJ defende veementemente a convocação de uma Comissão de Investigação deste incidente que está longe de ser “classe 0”.

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