Rodolfo Landim, que responde na Justiça por fraude contra a Petros, pode ser o novo presidente da Petrobrás

Nome do presidente do Flamengo ganha força para assumir presidência da Petrobrás diante da eminente demissão do general Silva e Luna da empresa

Diante da eminente saída de Silva e Luna do comando da Petrobrás, conforme tem sido veiculado na imprensa, o nome da Rodolfo Landim, que havia sido indicado para a presidência do Conselho Administrativo (CA) da Petrobrás, é dado como certo para assumir a presidência da companhia.

Apesar do claro conflito de interesse, pois Landim é alvo da Justiça Federal, em ação movida pelo Ministério Público Federal (MPF) por gestão fraudulenta contra fundos de pensão, incluindo o PETROS. A Justiça deferiu o indiciamento em dezembro de 2021.

O processo

Segundo o MPF, o esquema ocorreu entre 2011 e 2016, captando mais de R$ 585 milhões de outros fundos de pensão como VALIA (Vale), Real Grandeza (FURNAS), FORLUZ (CEMIG), BANESPREV (Banespa), Economus (Banco do Brasil/Nossa Caixa) e Santander. Os denunciados, Luiz Rodolfo Landim Machado, Nelson José Guitti Guimarães, Demian Fiocca, Geoffrey David Cleaver e Gustavo Henrique Lins Peixoto, atuaram como representantes das empresas Maré Investimentos e Mantiq junto aos diretores dos fundos de pensão. Essas duas instituições foram as gestoras do FIP Brasil Petróleo 1.

As investigações revelaram que os gestores da Maré e da Mantiq participaram ativamente das negociações que driblaram a regulamentação do FIP, que, segundo a norma vigente, não era permitido realizar investimentos de fundos de pensão em empresas estrangeiras, mas apenas nacionais. Ocorre que os denunciados tinham por objetivo investir, desde o início, na empresa americana Deepflex. O dinheiro foi irregularmente remetido para o exterior e a Deepflex incidiu em falência, desaparecendo todo o recurso financeiro que havia recebido. ( Ver matéria – https://sindipetro.org.br/fraudes-contra-fundos-de-pensao-quando-a-raposa-se-apossa-do-galinheiro/)

“Bons amigos”

Landim atuou no sistema Petrobrás por 26 anos quando ocupou diversas funções gerenciais, nos governos de FHC e Lula, na área de Exploração & Produção, chegando, no período, à diretoria da Petrobrás e a presidir a, agora, privatizada BR Distribuidora (entre 2003 e 2006) e a Gaspetro (entre 2000 e 2003), em processo de privatização.

Posteriormente, saiu da empresa para se associar com Eike Batista na OGX, tendo uma relação conflituosa com o sócio que culminou com um processo judicial.

Em 2019, se afastou de sua empresa, a Ouro Preto Óleo e Gás, criada para se beneficiar das privatizações da Petrobrás, sendo vendida para um fundo de investimentos. Ao longo de sua gestão como presidente do Flamengo Landim conseguiu uma aproximação com o presidente Bolsonaro que assistia jogos do clube com frequência. Pelo visto, o passado de Landim e a “amizade boleira” com Bolsonaro deram frutos.

Batom na cueca

Na BR Distribuidora, o atual presidente do Flamengo teve como padrinho o ex-senador do PT, do Mato Grosso do Sul, Delcídio Amaral. Lá segundo uma reportagem do Jornal o Estado de São Paulo, de junho de 2005, Landim estaria envolvido em contratos com empresas prestadoras de serviços para criar empregos terceirizados para pessoas indicadas por políticos que financiam o grupo do ex-senador.

Um exemplo disso foi um caso que ganhou repercussão dentro da estatal: a simulação da transferência de uma funcionária de Brasília para o Rio para que ela recebesse um adicional de transferência sobre o salário na época em que estavam no Gás Natural.

A história foi relatada, na época em boletim do Sindicato dos Petroleiros do Norte-Fluminense, com base em e-mails trocados pelos executivos em fevereiro de 2002. Nas conversas são manifestadas as preocupações com o risco da operação. Um deles chega a classificá-la como “batom na cueca”, para dizer que, dependendo do procedimento, não escaparia de auditoria.

A fictícia transferência da geóloga Dayse Lúcide André de Nora Souto foi pedida por Landim, ainda em 2002, em março. Em abril, do mesmo ano, ele pediu o pagamento, à geóloga, do Adicional Provisório e de Transferência, por causa de sua nova transferência para Brasília, conforme mostram documentos internos da empresa obtidos pelo Estado. (Ver matéria – https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/309031/complemento_1.htm?sequence=2)

Compliance é uma utopia na Petrobrás e no governo Bolsonaro

A indicação de Rodolfo Landim expressa a falácia do compliance, da governança corporativa na Petrobrás, e a possibilidade de protegê-la dos conflitos de interesses dos agentes do mercado. (Ver matéria https://sindipetro.org.br/conflito-de-interesses-na-petrobras-e-tratado-como-um-mero-detalhe/)

Mais uma vez a Petrobrás está sendo esquartejada, dividida entre donatários do mercado financeiro que abocanham ativos a preço de banana. Que ainda fazem a farra financeira embolsando dividendos antecipados, às custas de uma política de preços dolarizada que tira a capacidade da empresa em se manter estratégica e indutora para o desenvolvimento do Brasil.

Finalizando, o Sindipetro-RJ segue na luta para uma Petrobrás 100% estatal , sob a gestão dos trabalhadores e acredita que o processo de escolha dos gestores da empresa precisa ser amplo e democrático, com a categoria decidindo quanto a sua própria direção.

Quanto do patrimônio de Landim, seu interesse privado – está vinculado aos rumos da Petrobrás?
Qual é a honestidade e legitimidade de uma indicação do Governo Bolsonaro ao Conselho de Administração da Petrobrás de um sujeito denunciado por fraudar as aposentadorias dos próprios trabalhadores da Petrobrás?

Ao final dessa edição, a mídia empresarial já noticiou até a possibilidade da nomeação de um presidente laranja para tirar os holofotes de Landim e deixá-lo atuar livre nos bastidores.

Destaques