Neoliberalismo sob pressão das massas empobrecidas

América do Sul coloca em xeque o ideário do ne­oliberalismo. Países como Argentina, Equador e Chile veem seus povos se insurgirem contra a exploração do capital que retira direitos sociais, con­denando-os à eterna pobreza enquanto cria condições para beneficiar os ricos.

Na Argentina, o modelo aplicado pelo atual presiden­te Mauricio Macri, que tenta reeleição, fez aumentar a pobreza em 30%, onde mais de 15 milhões de pessoas es­tão nesta situação, sendo que 3,3 milhões delas (7,7%) são consideradas indigentes, como mostram dados do Insti­tuto Nacional de Estatística do país (Indec). No próximo domingo (27), pode marcar o último suspiro de Macri e de sua política neoliberal, pois serão realizadas eleições gerais. As eleições presidências apresentam um quadro de franco favoritismo de Alberto Fernández (peronista), que segundo pesquisas pode ganhar no 1º turno.

No Equador, o país passou por 11 dias de violentos protestos e estradas bloqueadas depois que o presidente Lenín Moreno anunciou o fim de um subsídio aos com­bustíveis que já durava 40 anos, causando um aumento de até 123% nos preços, parte de um pacote de ajustes para cumprir metas acertadas com o FMI.

No Chile na sexta-feira (19), após dias de pequenas manifestações, por causa do de um aumento de 30 pe­sos (equivalente a R$ 0,17) no preço das tarifas do metrô de Santiago, milhares de pessoas foram às ruas para de­nunciar o modelo que é referência aqui no Brasil, aplica­do pelo ministro Paulo Guedes, que faz da aposentadoria uma condenação à pobreza extrema, exigindo também Educação pública e gratuita. O presidente Sebastian Piñera suspendeu o aumento da tarifa do metrô, mas os protestos continuam. Mais de 1.400 pessoas foram deti­das e  até o fechamento desta matéria 11 morreram em decorrência dos distúrbios.

Uruguai protesta contra militares na segurança pública

No Uruguai, nesta terça (22), milhares de pessoas ocuparam as ruas da capital Montevidéu em um gigan­tesco protesto contra um projeto que permite o uso das forças militares em situações de segurança pública. Aos gritos de “Milicos nunca mais”, os manifestantes recha­çaram a proposta “Reforma Vivir sin Miedo”, criada a partir de um projeto da direita uruguaia de uma refor­ma constitucional que irá a referendo popular no próxi­mo domingo (27), mesmo dia das eleições presidenciais.

Bolsonaro com medo

Às vésperas da greve petroleira, o presidente Bol­sonaro acionou o Ministério da Defesa para monitorar possíveis protestos semelhantes aos que ocorrem atual­mente no Chile. Bolsonaro, que está em viagem oficial a países da Ásia, disse que vai usar forças militares para reprimir possíveis protestos.

Isso mostra o medo de revoltas populares depois das reformas Trabalhista e da Previdência, das privati­zações, do desmonte da Petrobrás, desemprego, polui­ção nos mares do Nordeste, crime ambiental da Vale em Brumadinho, incêndio nas florestas da Amazônia, violência policial nas favelas contra pobres e negros, da mesma forma que ocorreu na greve dos caminho­neiros em 2018.

da comunidade brasileira no Japão, o ministro Augusto Heleno (GSI), demonstrou preocupação com a possibilidade de protestos na América do Sul resultarem no enfraquecimento dos movimentos de direita. Ele acusou a “esquerda radical” de estar por trás das manifestações para criar um ambiente de conturbação e tentar voltar ao poder. Assim, como nesses países, motivos não faltam para dizer não ao modelo neoliberal. E pelo jeito as revoltas populares causam medo nos prepostos do imperialismo.

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