Pesquisa revela que meritocracia na Petrobrás é papo furado

Segundo informado pela empresa, o levantamento contou com a participação de 8.274 pessoas que responderam as perguntas enviadas através de e-mail

Obviamente, fica identificado um direcionamento do trabalho quando se percebe perguntas com formulações indutivas e toda a pressão colocada pelos gerentes no workplace para ter um resultado “positivo” dentro do que a empresa esperava. Além disso, a própria divulgação do resultado feita pela intranet é parcial, sem fornecer o conjunto dos dados para avaliação.

Meritocracia para poucos

Mesmo com todos esses direcionamentos a pesquisa ainda apresenta um resultado negativo diante do que a alta gestão da Petrobrás esperava. Veja por exemplo, o resultado das seguintes questões quando o assunto foi aplicação da meritocracia global dentro da empresa:

Somente 39% dos respondentes disseram que as “atuais praticas de R&R tornam a Petrobrás mais meritocrática”. E somente 41% disseram que “recebem reconhecimento compatível com seu desempenho”. Pois é, 60% dos empregados que responderam a pesquisa não estão enxergando aplicação da chamada meritocracia na empresa.

Aumento por mérito , Prêmio Por Performance (PPP) e escolha de funções gratificadas

54% dos que responderam não consideram transparente o aumento por mérito em sua gerência. 60% disseram que o aumento por mérito não foi meritocrático (parabéns a quem deu o nome ao processo de aumento, dá para ver que é bem apropriado).

Mas ainda pior, somente 32% acredita que os “critérios de Aumento por Mérito estão adequados”. Ou seja, mais de 2/3 dos respondentes da pesquisa discordam dos critérios. Se isso é assim em uma pesquisa feita pela empresa e impulsionada pelos gerentes, imaginem o quanto não é efetivamente no conjunto da empresa.

Quando o assunto é PPP os números mostram que apesar de a maioria estar ciente dos critérios (o que não quer dizer concordar), 54% desses empregados não enxergam meritocracia no prêmio.

Na questão que envolve Escolha de Funções Gratificadas, 64% dos respondentes desconhecem as regras, 62% não percebe nenhum critério meritocrático na escolha das funções, derrubando o mito do chefe por mérito próprio, discurso neoliberal que os chefões vendem na Petrobrás.

Uma “meritocracia” vazia

A pesquisa, como dissemos, tem uma tendência em seu cerne que não possibilita falar de uma aferição do conjunto dos empregados na empresa. Mas é digno de nota como, mesmo nesta situação, os resultados foram negativos para o discurso empresarial.

O que mostra é que o discurso vazio de meritocracia, que esconde por trás as realidades, como  Cláudio Costa, ex-chefão do RH, saindo pela porta de trás da empresa,  Anelise Lara, hoje, conselheira consultiva da Ipiranga e um PPP milionário para a alta direção. Enquanto isso, a maioria dos trabalhadores encara jornadas maiores e mais intensas, com a utilização da pandemia pela direção da empresa para precarizar e lucrar em cima dos trabalhadores, como se tudo isso não passa sem cobrar o seu preço.

Não existe meritocracia na empresa, e seus discursos vazios de coaches não conseguem maquiar a realidade. As decisões da alta direção, cada vez mais injustas e desiguais, só causam e causarão mais necessidade da nossa luta unificada, e não da cisão que esse discurso falso tenta pregar, felizmente sem sucesso.

Imagem: Fernando Frazão / Agência Brasil

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