Petrobrás aposta na sorte para cuidar da saúde de seus empregados e familiares

Representados pelos gerentes Fabrício Pereira, Angelo Sartori e Jonathan Xisto, a direção da Petrobrás, mais uma vez, deixou transparecer a desimportancia com que a EOR e o RH encaram o atual cenário

“Liderança pelo exemplo”, aliás, é tudo que estes senhores não praticam, porque sabemos que tem muita gente no corpo técnico da empresa se desdobrando para elaborar as melhores medidas, mas a orientação de cima é sempre o lucro em primeiro lugar.

O teatro – ops! – a reunião começa com o principal responsável da EOR anunciando que só poderá ficar 15 minutos, ou seja, ia falar o que toda a força de trabalho já havia sido comunicada no dia anterior e sair sem ouvir os cerca de 20 dirigentes sindicais presentes, representando as maiores bases de produção e administrativas do país.

Ouvidos moucos para a realidade dos locais de trabalho

Há risco claro de colapso nas operações, pois equipes inteiras correm risco de contaminação em plataformas, usinas, refinarias e terminais; camarotes lotados com contaminados nas plataformas que continuam recebendo embarcados, o que faz aumentar a capilaridade de contágio, sendo que os contactantes voltam para suas casas contaminando familiares e outras pessoas pois não há realização de ampla testagem nos desembarques; atestados médicos emitidos por não credenciados da APS sendo ignorados.

Ainda nas áreas administrativas temos desde dispenser de máscaras vazios a elevadores que operam sem avisos e seguem funcionando com lotação máxima, baias ocupadas de forma integral em prédios que nem possuem janelas como o EDISEN.

Voltar a Onda 3 no administrativo e tentar tocar a produção com uma troca de tabela e substituindo doentes é ignorar o crescimento das contaminações. É um negacionismo disfarçado, voltar à situação de dezembro quando o cenário é bem pior.

Estes gestores contam com a sorte para que mais nenhuma morte pesem sobre seus ombros. E que as sequelas de suas responsabilidades só venham à tona quando estiverem com os bolsos cheios curtindo a vida bem longe daqui.

Uma “surrealidade consciente”

Mesmo com o crescimento abrupto das contaminações nos últimos dias, direção da empresa tenta minimizar os efeitos da nova variante da COVID-19 na empresa. Tranquilidade e frieza de gestores chegou a causar espanto. Basear sua política sanitária na estatística de que a ômicron apresenta baixos índices de internações e mortalidade é a imunidade da roleta russa.

Após pressão da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) e da petição do Sindipetro RJ na ação em curso, na manhã de terça-feira, o RH marcou uma reunião para, supostamente, tratar das medidas necessárias para enfrentar a crise.

O que se observa na fala dos representantes da empresa é uma tentativa de minimizar a gravidade do problema. No entendimento dos gestores o simples uso das máscaras nas áreas de convivência são suficientes para conter a pandemia na empresa. Que apesar do surto existe um quadro de baixa viralidade, e que o fato “positivo” da situação é que só existe uma pessoa hospitalizada, sendo esta em situação de internação desde o ano passado.

Sindicatos cobram suspensão dos embarques, retirada dos sintomáticos, assintomáticos e contactantes e redução dos serviços e da produção nas plataformas, a fim de manter equipes mínimas a bordo para garantir a segurança de cada unidade e seus equipamentos, até que se debele esse surto; adiamento dos serviços não imprescindíveis nas demais áreas operacionais, como parada de manutenção em refinaria; volta integral ao teletrabalho nas áreas administrativas

Nesses quase três anos de pandemia, a FNP apontou por diversas vezes a gravidade da situação com uma visão realista sobre a previsão de cenário que se apresentava a partir de outros países no recrudescimento da pandemia, muito antes do surgimento da ômicron.

Ao final da reunião, o representante da empresa não se comprometeu com um prazo para responder às propostas apresentadas pela FNP.

Como a esperança é a última que morre, aguardamos uma mudança de postura desta gestão, para que a máxima “de onde menos se espera é de lá que não sai nada mesmo” encontre aqui sua exceção.

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