Petrobrás é principal geradora de pesquisa, desenvolvimento e tecnologia

O processo de privatização da empresa não apenas deve ser barrado, mas todas as medidas acumuladas nesse sentido em mais de 20 anos, revertidas

“Uma possível venda da Petrobrás significaria o descolamento de todos os investimentos em pesquisa e desenvolvimento para o país-sede da empresa que passaria a controlá-la”, afirma o pesquisador Gustavo Machado.

Para entendermos a importância da Petrobrás patrocinar e financiar a cultura, a arte e a ciência, é preciso começarmos pela compreensão do significado da Petrobrás no Brasil. Esse foi o ponto de partida de pesquisa feita pelo Instituto Latinoamericano de Estudos Socioeconômicos (ILAESE).

O estudo analisa as receitas da Petrobrás e sua posição estratégica em toda a cadeia de valores nacional, fazendo comparações com relatórios de outras empresas e constatou que ela é a única empresa capaz de promover um projeto brasileiro de desenvolvimento.

“Ocorre que, há muito tempo, a Petrobrás abriu mão desse papel. O desenvolvimento e pequisa
que realizam, giram, em sua quase totalidade em função de sua atividade-fim, em particular o ramo mais lucrativo que é a extração de petróleo em águas profundas. Mesmo outras áreas de exploração da Petrobrás, como a de biocombustíveis por meio da Petrobrás Biocombustíveis, são a cada ano negligenciadas pela empresa em claro e anunciado projeto de privatização”, afirma Gustavo Machado.

Na pesquisa, o ILAESE elaborou balanços sobre os últimos 15 anos de patrocínios culturais pela Petrobrás. Os valores despencaram de uma média de R$ 200 mi (0,25% do lucro bruto) para R$ 18 mi (0,007% do lucro bruto).

Em demonstrativo do percentual da receita líquida investido em pesquisa e desenvolvimento durante a última década houve um decréscimo de 1,28% para 0,72%. Mesmo assim, o investimento feito pela Petrobrás é superior ao do orçamento destinado, por exemplo, ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ). Em 2020, a empresa investiu R$ 1.818 mi em pesquisa e desenvolvimento, enquanto que o CNPQ recebeu R$ 1.060 mi.

Segundo a pesquisa, pode-se afirmar que o acúmulo que a Petrobrás possui de conhecimento equipara-se ao do sistema universitário público brasileiro. Mas, esse patrimônio está sendo desmontado com mudanças implementadas por direções que se afastam cada vez mais do desenvolvimento nacional.

Em matéria recente, noticiamos a destruição que está em curso em centros de pesquisa como CENPES e CEPEL, passando por instituições como o INPE: http://sindipetro.org.br/bolsonaro-desativa-ciencia/

Essa pesquisa mostra, dentre outras coisas, “o projeto de longo prazo que abriu o capital da Petrobrás, vendeu paulatinamente suas ações ao capital privado e, mais recentemente, coloca em leilão cada uma de suas partes. É fundamental reverter esse quadro. É necessário colocar a Petrobrás a serviço das necessidades e demandas de toda população. Para tal, o processo de privatização da empresa não apenas deve ser barrado, mas todas as medidas acumuladas nesse sentido em mais de 20 anos, revertidas”, conclui o pesquisador Gustavo Machado.

Conheça a pesquisa na íntegra: Pesquisa-Ilaese

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