Bolsonaro atua para desativar o setor de Ciência, Tecnologia e Inovações

Por Rosa Maria Corrêa

CENPES, CEPEL e INPE são exemplos dessa política nefasta aos brasileiros

No início deste ano, a caneta de Bolsonaro cortou investimentos na ordem de R$ 9 bilhões atingindo mais de 90 entidades científicas, acadêmicas e tecnológicas. No rastro das privatizações, centros de pesquisa de empresas estatais vivem o desmonte acelerado que os impede de se manterem como responsáveis por desenvolvimento tecnológico em diversos setores estratégicos para o Brasil paralisando trajetória de sucessos.

O CENPES na Petrobrás e o CEPEL na Eletrobrás são exemplos de execução de ações que impulsionam as empresas a resolver seus problemas de produção, incrementando capacidades de compra, de tecnologias e de utilização dos equipamentos.

Através dos investimentos das estatais em estrutura foi possível a modificação das condições técnicas. Na Petrobrás, a prospecção do petróleo em águas ultraprofundas transformou a empresa em referência mundial no setor e o CENPES conquistou, em 2002, o Offshore Technology Conference (OTC), prêmio mais importante do setor petrolífero mundial. Está façanha foi comemorada pela quarta vez, no ano de 2020, devido às tecnologias desenvolvidas e aplicadas no Campo de Búzios, no Pré-Sal. 🎥  https://sindipetro.org.br/trabalhadores-do-cenpes-realizam-mobilizacao-para-debater-a-greve-nacional-petroleira-e-celebram-o-4o-oscar-da-industria-do-petroleo-que-a-petrobras-escondeu/

Na Eletrobrás, o CEPEL é o maior centro de pesquisas de energia elétrica da América do Sul.

Sucateamento pode acabar com centros de pesquisas

Assim como o está acontecendo a precarização e a redução do efetivo crescentes no CENPES, na Eletrobrás a situação é ainda pior. No início deste ano, o conselho administrativo da maior estatal do setor elétrico decidiu que a empresa não tem mais obrigação de manter o Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (CEPEL), que é responsável pelo desenvolvimento de softwares que controlam a distribuição de energia em todo o país.

Além dessa decisão do conselho administrativo da Eletrobrás, Bolsonaro editou a MP 232 que retira do CEPEL a atribuição de determinar os preços da energia considerando a eficiência do sistema e minimização do custo. Segundo o pesquisador do CEPEL, mestre em engenharia mecânica, Antonio Carlos de Barros Neiva, “o impacto nas contas do consumidor será imenso se agentes do mercado controlarem os preços da energia elétrica”. Vejam o que já ocorreu nos EUA quando desregulamentaram o setor, assistindo ao documentário “Enron – Os Mais Espertos da Sala” (2005), disponível no YouTube e Netflix.

No CENPES, a situação é alarmante com o sucateamento, a redução do efetivo e a contratação de empresas para a prestação de serviços que assediam os trabalhadores, não oferecem treinamento adequado, não cumprem com as obrigações trabalhistas, nem seguem o Código de Ética da empresa.

INPE está quase paralisado

No início deste mês, no dia 03, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) completou 60 anos e nunca esteve com orçamento tão reduzido, enfrentando a impossibilidade da continuidade de projetos.

Criado no início da corrida espacial, o Instituto desenvolve pesquisas e tecnologias e consolidou-se como uma das mais relevantes instituições científicas do país ao consagra-se com o programa de desenvolvimento de satélites, sendo pioneiro em investigações em áreas como clima espacial, meteorologia e mudanças climáticas. É notável também na formação por seu programa de pós-graduação por onde já foram titulados mais de mil doutores e quase 2,5 mil mestres.

Hoje, o INPE vive ameaçado pelo desgoverno que, além das restrições orçamentárias que atrasam a definição de projetos de observação da Terra na Missão Amazônia, faz críticas contundentes e duvida de dados divulgados pelo Instituto. No mês passado, Bolsonaro retirou do INPE o monitoramento e a divulgação sobre queimadas e incêndios florestais no Brasil.

No INPE, a redução do efetivo provoca preocupações sobre um colapso do órgão. O efetivo vem sofrendo constantes reduções, principalmente por causa de aposentadorias. Dos 2 mil em 1990, sobraram 744, sendo que destes apenas 144 dedicam-se à pesquisa.

Ao promover a destruição de centros de pesquisas, o desgoverno aposta em um Brasil dependente e sem futuro, destinado a ser mero fornecedor de matéria prima para outros países. Para contestar tudo isto, o Sindipetro-RJ convoca a participação de todos nas manifestações de quarta (18), junto com o funcionalismo público, pelo “Fora, Bolsonaro e Mourão!”.

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