Petrobrás segue com projeto de abandonar setor petroquímico

Enquanto as petroleiras concorrentes avançam em parcerias no setor petroquímico, a Petrobrás segue abrindo mão de seus ativos e se mantendo distante da luta da categoria pela encampação/estatização de empresas e construção do ramo petroleiro integrado, estatal e público

Nos últimos tempos, diante das tratativas em curso entre o grupo Odebrecht e a holandesa LyondellBasell, Ivan Monteiro parece fazer um jogo de “bem-me-quer x mal-me-quer” quando perguntado sobre o destino da participação societária da Petrobrás, de 36,1%, no capital total da Braskem, uma das maiores do setor petroquímico no mundo. A fatia da Odebrecht é de 38,3% e o desejo do grupo é trocar uma parte de suas ações por papéis da holandesa, tornando-se acionista minoritário da empresa que será a maior produtora de resinas termoplásticas do mundo.

Segundo o Valor Econômico, “a LyondellBasell fornece propeno para a Braskem na Europa e nos Estados Unidos, enquanto a petroquímica brasileira fornece polipropileno (PP) para a fábrica de compostos da multinacional em Pindamonhangaba (SP). As fábricas de PP da Braskem já utilizam tecnologia da concorrente e há possibilidade de redistribuição de produção entre as unidades fabris de ambas, ampliando eficiência e reduzindo custos”. Em relação a Petrobrás, parece que diante da possibilidade de ser parceira da LyondellBasell, Ivan Monteiro em sua “sede por parcerias” teria ficado balançado. Mas ainda não houve formalização que mudasse a orientação do famigerado PNG da empresa, que aponta para a saída do setor petroquímico.

O fato é que, caminhando na contramão do segmento de Óleo & Gás, a direção da Petrobrás fortalece as petroleiras concorrentes, as quais buscam unir uma produção crescente de petróleo no litoral brasileiro, com a imensa agregação de valor através do setor petroquímico, por exemplo, já instalado no país. Na forma de “parcerias” na exploração de campos em produção ou na composição de lances durante os leilões da ANP, a Petrobrás entrega o petróleo brasileiro às multinacionais. Vendendo ativos estratégicos a preço vil, possibilita que outras empresas façam bons negócios arrematando a estrutura instalada e com mercado garantido. Se sair do setor petroquímico, entrega o mercado brasileiro neste segmento; uma verdadeira obra de caridade.

Para completar o absurdo, sugere-se que, antes de decidir o destino da Braskem, que seja assinado um contrato de longo prazo para fornecimento de nafta. A Braskem é a única petroquímica integrada de primeira e segunda geração de resinas termoplásticas no Brasil, o que se traduz em vantagens competitivas, como escala de produção e eficiência operacional. Enquanto isso, Ivan Monteiro continua indeciso se petroquímica é um bom negócio ou não.

Versão do impresso Boletim LXXXVI

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