Petroleiros e terceirizados que atuam em campos de produção sofrem com rotina de acidentes em 2017

Morreu na madrugada do último domingo (11) a terceira vítima de uma explosão no navio sonda Norbe VIII (NS-32), operado pela Odebrecht Óleo e Gás a serviço da Petrobrás, no Campo de Marlim, na Bacia de Campos.

O segundo oficial de máquinas Eduardo Aragão de Lima, de 33 anos, era funcionário da Odebrecht Óleo e Gás, estava hospitalizado e não resistiu aos ferimentos do acidente, ocorrido na sexta-feira (9).

As companhias já haviam confirmado os nomes de outras duas vítimas fatais. O técnico em inspeções Ericson Nascimento de Freitas, de 29 anos, morreu na sexta-feira, e o técnico em inspeções e calibração Jorge Luiz Damião, de 44, no sábado. Ambos eram funcionários terceirizados da IMI, prestadora de serviços da Odebrecht Óleo e Gás. Um quarto técnico, o soldador Fernando Garcia, também se feriu, mas recebeu alta no sábado.

O acidente ocorreu na manhã de sexta-feira (9), durante a execução de serviços em uma das caldeiras do navio sonda, informou a Petrobras em nota. A petroleira afirmou que não houve incêndio e nem há riscos de vazamento. A companhia também informou que não houve impacto à produção no Campo de Marlim, e que a sonda já se encontra em condição segura. As autoridades competentes foram notificadas e uma comissão foi montada para investigar as causas do acidente.

Em nota, a Odebrecht Óleo e Gás destacou que as atividades da NS-32 foram imediatamente paralisadas e que não houve dano ao meio ambiente. Na sexta-feira, informou que análises preliminares não indicaram dano estrutural à embarcação.

Nota da Odebrecht Óleo e Gás

“É com grande pesar que a Odebrecht Óleo e Gás (OOG) informa que, na madrugada de hoje, dia 11/06/2017, no Hospital Municipal de Macaé, faleceu Eduardo Aragão de Lima, de 33 anos, segundo oficial de máquinas da OOG.
Eduardo foi um dos quatro feridos no acidente envolvendo uma caldeira na popa do navio-sonda Norbe VIII (NS-32), operado pela OOG na Bacia de Campos (RJ), ocorrido na manhã de sexta-feira (09). Infelizmente, ele não resistiu aos ferimentos.
A Odebrecht Óleo e Gás está prestando todo o apoio necessário à família do trabalhador, assim como aos parentes dos outros colaboradores envolvidos no acidente”

Outro acidente no mesmo final de semana

Como se não bastasse, ainda no último domingo (11), segundo informações do site do Sindieptro-NF, ocorreu um princípio de incêndio na P-35, navio plataforma da Petrobrás também localizada no Campo de Marlin. O incêndio foi registrado no reaquecedor do sistema de gás combustível da planta de glicol e foi debelado com mangueira, logo após o alarme de emergência ser acionado.  Há uma grande probabilidade do caso ter sido causado  por um vazamento de glicol, em alta temperatura. A produção foi interrompida devido à proximidade do local com o controle da geração que teve que ser evacuado. Mas desta vez, felizmente, não houve feridos.

A P-35 produziu em março 23,807 mil barris de petróleo por dia e 366 mil metros cúbicos de gás natural por dia, segundo os dados mais atualizados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Acidente e morte no início de 2017

Ainda em fevereiro deste ano um funcionário da Baker Hughes faleceu após acidente a bordo de embarcação atuando pela empresa Saipem na Bacia de Santos.

O acidente deixou ainda quatro feridos e aconteceu durante instalação de um gasoduto submarino no campo de Lula Extremo Sul, após rompimento de componente de alta pressão que atingiu os cinco trabalhadores.

“Devido a precarização que envolve a terceirização o número de acidentes ocorridos com esses trabalhadores  terceirizados  é algo assustador. Isso vem ratificando a nossa posição contra a terceirização(…) Em relação ao ocorrido com esses trabalhadores da NS-32 fica o nosso sentimento de pesar e reafirmamos a necessidade de união dos trabalhadores petroleiros em prol de melhores condições de trabalho” – diz o petroleiro Ivan Luiz Andrade, integrante do Núcleo 5  do Sindipetro-RJ – (Empresas Privadas, Terceirizados, Plataformas e Petroquímica) grupo responsável  na luta sindical contra a retirada de direitos, precarização e acidentes.

 

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