Demonstrando seu desdém com o devido reconhecimento e recompensa da categoria, a direção da Petrobrás anuncia que pagará valor irrisório aos trabalhadores, quando comparado ao que foi distribuído aos acionistas (dividendos) , bem como é distribuído à alta gerência (PPP)
Na manhã de terça-feira (21/12), em reunião virtual com a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) e os seus sindicatos filiados, dentre eles o Sindipetro-RJ, a Petrobrás anunciou que no próximo dia 14 de janeiro de 2022 vai efetivar o pagamento de 1/3 da PLR 2021, cerca de 1/3 do valor da folha de pagamento. A outra parte só será paga em maio e também não será proporcional, nem aos lucros nem aos resultados de 2021, mesmo com a adição do resultado do 4º trimestre de 2021.
Os valores serão pagos aos empregados que não ocupam cargos de chefia com função gratificada, porque estes já recebem múltiplos de suas remunerações a partir do advento do PPP que desviou recursos do orçamento da PLR. Para quem deixou de ter gratificação de função ou que saiu da empresa em PDV durante o exercício de 2021 os pagamentos se darão de forma proporcional.
Aos acionistas quase tudo, aos trabalhadores praticamente nada
O que fica evidente chegando a ser assustadora é a discrepância proporcional dos valores da PLR a serem pagos aos empregados quando comparados aos dividendos que os acionistas estão recebendo pelos resultados obtidos pela Petrobrás. Senão, vejamos: a Petrobrás já antecipou um total de R$ 63,4 bilhões durante 2021, sendo R$ 23,3 bilhões à União, e R$ 40,1 bilhões aos seus acionistas. Enquanto isso, seus empregados recebem proporcionalmente só em 2022 e parcelado (1/3 em janeiro e o restante após a assembleia de acionistas), o montante de R$ 195 milhões, o que equivale a pouco mais de 0,30% ao que foi pago aos acionistas até agora. É fundamental lembrar que a lei faculta uma PLR para os empregados de até 25% dos dividendos pagos aos acionistas – coisa que nunca chegou à metade disso – mas hoje, depois do PPP, foi reduzido a uma conta que provavelmente fechará em menos de 1%.
Diante da imoralidade do PPP de Cláudio Costa – que se encaminha à ilegalidade perante ao Judiciário (ilegal em 1ª instância em uma ação e com parecer do MP desfavorável em outra); da rejeição das políticas de reconhecimento e recompensa por parte da categoria – expressa em recente pesquisa https://sindipetro.org.br/o-papo-furado-da-meritocracia/; e dos lucros e resultados astronômicos da Petrobrás; é urgente a pronta revisão do modelo de PLR e extinção do PPP.
De parte da FNP, já disponibilizamos proposta considerando ganhos dos acionistas, dos governos e indicadores de desempenho como balizadores ou condicionantes do montante a ser distribuído aos trabalhadores. Confira a proposta da FNP
Contraditoriamente, assim como sente a maior parte da população brasileira, a grande massa dos trabalhadores petroleiros perdem direitos, remuneração e até plano de saúde e aposentadoria, a cada lucro recorde que criam em favor dos governos e acionistas. E o novo modelo de PLR, combinado com o PPP e o PRVE, consagram esta distorção . Resta, para o bem, que fique claro que a massa dos petroleiros sem função gerencial, nem marginalmente, se beneficiam da venda de ativos da Petrobrás (privatização) ou da extorsiva política de preços de paridade de importação imposta pela gestão militar Bolsonaro contra o povo e a economia nacional.
Tudo isto mostra o quanto a política de “mais valia” da gestão da Petrobrás se exacerba, remunerando cada vez mais os detentores de ações da empresa, na sua grande parte formada pela burguesia e seus agentes financeiros, desvalorizando e criando um grande fosso em relação aos trabalhadores e trabalhadoras que potencializam a empresa com seu conhecimento e domínio de suas funções para fazer da Petrobrás uma grande empresa como ela é hoje.
A FNP e seus sindicatos filiados reiteram sua posição contra a falta de negociação da direção da empresa e contra a política de remuneração variável e o PPP (Prêmio Por Performance) direcionados para aumentar os ganhos dos chefões na Petrobrás. Aos empregados restará a mobilização para reverter esse quadro de saque pela alta direção cooptada com prêmios do PPP e pelos super-ricos, “barões” que se lambuzam com os “calóricos” dividendos da sangria da economia popular. Essa é a Petrobrás e o Brasil de Jair Bolsonaro e Paulo Guedes: o brasileiro não ganha nem com as vantagens competitivas do Pré-Sal e nem com as vantagens competitivas da Petrobrás; também não ganha nem o próprio trabalhador petroleiro direto ou muito menos o terceirizado.
Saiba mais
Anexo – Apresentação indicadores de PLR – 3ºTRIM
Carta RH-RS-NS 0466-2021 – FNP – Indicadores de PLR
Sobre o PPP