Chateado pela falta de energia na sua casa de campo em Petrópolis (RJ), o presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco, enviou e-mail para Nicola Cotugno, o CEO da companhia italiana Enel, reclamando do serviço.

Na correspondência, Castello, que é feroz incentivador da privatização de empresas de energia, “reclama” que a frequência dos apagões está crescendo, assim como o tempo para reparação do serviço. Também dá conselhos ao executivo da Enel: “Meu conselho é que você reaja a essa imagem ruim e ofereça um choque de qualidade. O cliente é rei, faça com que seus subordinados acreditem nessa verdade amplamente aceita” – disse.

“Sabe com quem está falando?”

O fato é que Castello Branco usou o velho “sabe com quem está falando?” para obter tratamento especial para seu imóvel. Certamente, o presidente da Petrobrás deve ter conhecimento dos constantes apagões que ocorrem pelo Brasil, em concessões operadas pela Enel, como, por exemplo, em São Paulo, em que a rede deteriorada de cabos de transmissão apresenta constantemente incêndios que apavoram a população, com estouro de transformadores.

Este tipo de situação mostra claramente o resultado imediato das privatizações. Empresas estatais que antes tinham estrutura e qualidade de fornecimento, sofreram um processo de sucateamento e foram vendidas a preço de banana para empresas estrangeiras, que passam a administrar o caos, sem viabilizar qualquer tipo de investimento para melhoria do serviço. Assim acontece na Petrobrás, que, aliás, em sua gestão, aplica a receita do desmonte com pleno conhecimento de causa.

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