Major cloroquina na Petrobrás

Ex-diretor do Departamento de Monitoramento e Avaliação do SUS, demitido recentemente do Ministério da Saúde assume cargo de assessor da presidência da Petrobrás

Segundo informações veiculadas na mídia, a direção da Petrobrás contratou como assessor da presidência da empresa, o major reformado do Exército, Angelo Denicoli, defensor do uso da cloroquina, que ocupava até a última segunda-feira (07/06), um cargo executivo no Ministério da Saúde, nomeado pelo então ministro general Eduardo Pazuello. Sob a gestão do general Joaquim Silva e Luna, o Gabinete da Presidência da Petrobrás (GAPRE) conta ainda com o general Jorge Ricardo Áureo Ferreira (Chefe de Gabinete), tendo este sido assessor especial de Silva e Luna na Itaipu Binacional) e o coronel Ricardo Pereira Bezerra, que também foi assessor de Silva e Luna em Itaipu.

Sindipetro-RJ cobra explicações

Resta saber se o “major cloroquina” já atua junto à presidência do general Joaquim Silva e Luna para o retorno imediato dos trabalhadores e trabalhadoras, em situação de teletrabalho, ao presencial, dada a sua posição claramente negacionista, sendo um defensor declarado do uso da cloroquina para tratamento preventivo de COVID-19.

O Sindipetro-RJ cobra explicações da Estrutura Organizacional de Resposta (EOR) para saber qual será a função do major como assessor da presidência da Petrobrás. Vale lembrar que a previsão dada pela EOR para retorno ao trabalho presencial é de 30 de junho, e que até o presente momento, e após reuniões, não há qualquer informação consolidada sobre o retorno ou não, mesmo diante da possibilidade de uma 3º onda da COVID-19.

Segundo dados do 60º Boletim de Monitoramento do Ministério de Minas Energia, divulgado em 07/06, na Petrobrás foram totalizados até o momento 7.105 casos de COVID-19, sendo 6.803 recuperados (que podem se reinfectar), 224 confirmados em quarentena, 34 hospitalizados, 29 óbitos (teletrabalho), 14 óbitos (presencial) e 01 óbito em situação de férias. Números que omitem todos adoecimentos e mortes de petroleiros terceirizados que são maioria e atuam lado a lado aos petroleiros concursados.

Disseminador de fakenews

O ex-auxiliar de Pazuello chegou a publicar em suas redes sociais informação falsa, como em 8 de abril do ano passado, afirmando que a FDA, órgão regulador de medicamentos dos EUA, havia aprovado o uso da hidroxicloroquina para o tratamento de todos os casos de COVID-19. Na época, o uso compassivo do medicamento chegou a ser permitido e a FDA deu apenas uma autorização para uso emergencial de produtos que tivessem cloroquina em sua composição para alguns pacientes com COVID-19.

O militar também já usou as redes sociais para criticar a Organização Mundial da Saúde (OMS), ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e governadores contrários à postura do presidente Jair Bolsonaro na gestão da pandemia.

A nomeação de Denicoli mostra como os militares seguem aparelhando ministérios, autarquias e estatais como a Petrobrás, desmerecendo os quadros próprios que, sem dúvida, têm profissionais com melhores credenciais para desempenhar as funções evitando, também, a caracterização de cabide de empregos e a chamada “mamata”. Contraditoriamente, tudo isso acontece ao mesmo tempo em que trabalhadores concursados da Petrobrás Biocombustível (PBio) e com bons serviços prestados lutam em greve, mas a holding se recusa a os incorporar aos seus quadros, enquanto bota pela janela apadrinhados.

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