Sindipetro-RJ externa apoio ao povo do Cazaquistão

O Sindipetro-RJ externa sua solidariedade classista à luta dos petroleiros e do povo do Cazaquistão e se declara contra a presença de tropas russas no país, pelo fim da brutal repressão, pela libertação dos manifestantes classistas e pelo direito de livre organização sindical e política, abaixo a interferência da OTAN e da OTSC!

Desde do dia 02/01 uma revolta popular sacode o Cazaquistão, país que foi integrante da antiga União Soviética. Alta dos combustíveis foi estopim de revolta popular, que contou com a participação dos trabalhadores petroleiros. Até o momento já morreram pelo menos 160 e mais de 2 mil estão feridas. Cerca de 6 mil pessoas estão detidas por conta dos protestos.

Povo do Cazaquistão se levanta contra a exploração

A indignação popular é contra a pobreza e o aumento dos preços, especialmente do gás e dos alimentos básicos. Isso ocorre em um país rico em recursos naturais, especialmente petróleo, gás e urânio. Durante anos, apenas empresas multinacionais se beneficiaram destas riquezas, com um punhado de oligarcas e clãs burocráticos liderados pelo ditador de fato, o ex-presidente da República do Cazaquistão, Nursultan Nazarbayev, que governou o país de 1990 a 2020. Mesmo fora do poder, Nazarbayev segue tendo influência no poder do país, tendo como fantoche o atual presidente Kassym-Jomart Tokayev.

Petroleiros lideram protestos

O levante começou em Zhanaozen, principal cidade que é o coração de fato da região produtora de petróleo e gás. O estopim foi o aumento de 100% dos preços do combustíveis, o que revoltou a população local durante o ano novo, durante o ano de 2021, os aumentos acumularam uma alta de 50%. Zhanaozen é uma cidade operária, com sua própria história de lutas onde uma manifestação há 10 anos foi reprimida à bala, com 15 mortos e muitos feridos.

Além disso, no centro dessas lutas, estão as reivindicações salariais, a redução da idade de aposentadoria, o direito à livre organização sindical e o direito à greve.

Os protestos tiveram início a partir do último 1º de janeiro, quando os petroleiros do campo de Zhanaozen pediram às autoridades que revogassem a decisão de dobrar drasticamente o preço do gás liquefeito de petróleo (de US$ 0,11 para US$ 0,29 por litro). Não houve reação do governo e, em 2 de janeiro, foi realizado uma manifestação no centro da cidade. Os manifestantes foram apoiados por operários de toda a região de Mangystau, conhecida por seu amplo desenvolvimento da indústria de gás. No dia 3 de janeiro, os manifestantes que paralisaram seus trabalhos de diversos campos caminharam até o centro administrativo da região, a cidade de Aktau, onde também começou a ação solidária, que contou com dois mil participantes.

Na quarta-feira (05/01), o governo de Tokayev aceitou a renúncia do primeiro-ministro, Askar Mamin, após os protestos. Na prática, a renúncia do primeiro-ministro representou a queda de todo o governo. Ainda na sexta-feira (07/01), o presidente Tokayev ordenou que suas forças atirem para matar para lidar com os protestos, chamando de bandidos e terroristas quem participar dos atos.

Geopolítica e influência de imperialismos

Depois da desintegração da antiga União Soviética em 1991, o Cazaquistão se tornou independente, sob a presidência de Nazarbayev, e ao longo dos anos, com a ascensão de Vladimir Putin ao poder da Rússia, o país voltou a ter muita influência de Moscou, que enviou cerca de mil soldados para o país vizinho, ao mesmo tempo em que é muito dominado por transnacionais ocidentais, como na área de petróleo e gás. A Turquia também busca influenciar os rumos do Cazaquistão.

Também não podemos esquecer que EUA e Europa, através da OTAN – Organização do Tratado do Atlântico Norte (aliança militar ocidental, dominada pelos EUA), incentivam conflitos internos nos países da antiga União Soviética para minar a influência de Moscou na região e para expandir a sua própria influência. Ainda temos o fato do Cazaquistão ser parte da chamada “rota da seda”, um projeto chinês de formar um corredor de exportação para consolidar ainda mais o papel da China como protagonista na economia mundial, o que contraria interesses dos EUA.

O povo cazaque, que possui uma tradição de lutas, mostra mais uma vez que não se conforma com abusos de ditadores e dos imperialismos estrangeiros.

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