Petrobrás sob governo Bolsonaro foi espoliada por algozes de índios e da Amazônia

Grupo que comprou a SIX ganhou também áreas destinadas à reforma agrária para explorar garimpos

Em meio a triste realidade do genocídio yanomami, em que foi revelada a ação deliberada do governo Bolsonaro que deu um verdadeiro ‘libera geral” ao fazer “vista grossa” para a expansão de garimpos em áreas de reservas indígenas, a sociedade brasileira começa a ver de fato como essas negociações espúrias se deram. Mas o que muita gente não sabe é que grandes grupos econômicos estão envolvidos nessas invasões, tendo também responsabilidade no genocídio contra os povos originários e afetando o meio ambiente. Além disso, durante o governo Bolsonaro, alguns desses grupos participaram da privatização contra o Sistema Petrobrás.

A compra da SIX

Localizada em São Mateus do Sul (PR), desde 1959, sobre uma das maiores reservas mundiais de xisto, a Unidade de Industrialização de Xisto da Petrobrás, agora desde novembro pertence oficialmente à Forbes & Manhattan (F&M). A conclusão da venda pela bagatela de US$ 41,6 mi encerra longo processo de tentativas do banco canadense F&M, que opera as mineradoras Belo Sun e Potássio do Brasil – ambas citadas no relatório da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e da ONG Amazon Watch como cúmplices da destruição da Amazônia.

As entidades denunciam que a Potássio do Brasil, que atua em Altazes, no Amazonas, e ganhou todo o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro para operar em território do povo indígena Mura, descumpriu uma decisão judicial. Sobre o projeto da Belo Sun, no estado no Pará, o relatório afirma que é o de “maior exploração de ouro da América Latina – golpe final à região da Volta Grande do Xingu”. A Forbes & Manhattan Resources Inc. é de propriedade do empresário canadense, Stan Barti (em foto com Bolsonaro).

Segundo uma reportagem da Agência Pública, assinada pelo jornalista Caio de Freitas Paes, o F&M se aproximou de membros ligados às Forças Armadas no Executivo, chegando até o ex-vice-presidente da República e general da reserva do Exército Hamilton Mourão (PRTB) – com quem tratou diretamente, em reuniões exclusivas em Brasília. Há anos, o banco canadense tenta liberar os licenciamentos ambientais da Potássio Brasil e da Belo Sun.

Depois dessa aproximação o banco canadense acumulou vitórias para a liberação de seus empreendimentos na Amazônia nos últimos três meses de 2021. No período, a União também liberou áreas originalmente destinadas à reforma agrária para que o mesmo grupo instalasse um garimpo de ouro em pleno Xingu – um acordo que, mesmo com denúncias de irregularidades, segue válido de acordo com o Diário Oficial.
E foi com esse tipo de gente, e grupo privado estrangeiro, que a gestão anterior da Petrobrás , sob o governo Bolsonaro, vendeu a preço de banana uma refinaria de xisto no Sul do Paraná com todo o parque tecnológico desenvolvido do zero no local desde os anos 1970.

Garimpo em terras de reforma agrária

A reportagem de Caio de Freitas Paes mostra que os planos da Belo Sun para a Amazônia pareciam ter finalmente saído do papel no fim de 2021. Em 26 de novembro do mesmo ano, a mineradora fechou um acordo com o governo federal para garimpar ouro em assentamentos da reforma agrária na mesma área de seu projeto, Volta Grande.

Já a Belo Sun conseguiu o acordo após comprar – ilegalmente, segundo uma reportagem do Estadão – lotes de terras de famílias assentadas na chamada Vila Ressaca, em Senador Porfírio (PA). O trato se deu com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que, ainda segundo o jornal, receberia parte dos lucros desse garimpo no Xingu.

O acordo da mineradora canadense entrou na mira do Ministério Público Federal (MPF) e da Defensoria Pública da União (DPU), mas nem a polêmica em torno do caso afugentou o então governo de Bolsonaro. O presidente do conselho diretor do Incra, Geraldo de Melo Filho, referendou o acordo, como informa o Diário Oficial da União de 21 de janeiro de 2022.

Abutres do mercado financeiro envolvidos

Segundo um material obtido pela Pública, até novembro de 2020 a mineradora tinha entre seus parceiros o Deutsche Bank, da Alemanha, e o Royal Bank of Canada, segundo maior acionista nessa mineradora de ouro, além do fundo de investimentos BlackRock, dos Estados Unidos – acusado por organizações indígenas de ameaçar a Amazônia e seus povos. Vale lembrar que a Black Rock é acionista da Petrobrás e da Vibra (antiga BR Distribuidora).

Isso só mostra como o neoliberalismo através de grupos econômicos sequestrou o estado brasileiro em todas as áreas, desde processos de privatizações como o caso da Petrobrás, até no envolvimento com a ocupação desordenada da Amazônia, afetando o meio ambiente e povos originários.

Reportagem completa da Agência Pública
https://apublica.org/2022/02/como-o-lobby-de-um-militar-da-reserva-favoreceu-mineradoras-canadenses-na-amazonia/

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