Arbitrariedades, injustiças e assédio ninguém calará nossa voz

Está na ordem do dia criminalizar e marginalizar os sindicatos, porém, neles estão os únicos instrumentos de luta que a categoria dispõe para se opor ao que se avizinha cada vez mais. Não são os sindicatos que atacam ou são contra a empresa, mas os “bonecos” designados para conduzi-la rumo ao abismo. Os sindicatos são contra gestores e práticas que visem lesar os trabalhadores, mas jamais contra a razão de ser da categoria.

É curioso… Em um país em que o presidente foi eleito sob a falácia de que traria para o seu governo a técnica pura, que os cargos seriam ocupados por pessoas “estritamente técnicas”, o tal do tecnicismo; de uma gestão da Petrobras que se diz focada em “meritocracia” e que divulga uma campanha com os dizeres “lugar da mulher é onde ela quiser”, vejamos a politicagem pura dominar. É curioso porque, a prática de Castello Branco e Claudio Costa, sob a orientação de Bolsonaro é intensamente outra.

À despeito das discordâncias do Sindipetro-RJ em relação aos discursos de meritocracia e do tecnicismo, consideramos importante ressaltar as contradições entre tal discurso e a prática de seus defensores:

– Recentemente, Castello Branco se autointitulou publicamente como um liberal e assim justificou o seu sonho de privatizar a Petrobras: “Como liberal somos contrários a empresas estatais”. Assim como sabemos que o é Paulo Guedes (ministro da economia), Bolsonaro e diversos outros quadros desse governo.

Ao fazer uma busca bem simples e rápida na Wikipedia, a definição de liberalismo é clara: “(…)uma filosofia política ou ideologia fundada sob ideais (…)” e segue a definição “(…) O liberalismo transformou-se primeiramente em um movimento político durante o iluminismo (…)”.

Obviamente os defensores da ideologia liberal buscam respaldo técnico, mas suas defesas são eminentemente políticas e guiam as decisões nada técnicas deste (des)governo do país e dessa (in)gestão da Petrobrás;

– No mês de fevereiro, a retirada da função de especialista das consultoras Patricia Laier (Edifício Ventura) e Carla Marinho (CENPES), ambas revalidadas no processo super criterioso e defendido pela empresa como meritocrático de 2018, aconteceu pelo único fato destas mulheres estarem onde querem: no Sindipetro-RJ;

– A retirada da maior parte das atividades que a assistente social Moara Zanetti desenvolvia no RH também foi decidida por Castello Branco e Claudio Costa, porque Moara é dirigente sindical. E, depois de mais esse assédio, Moara foi transferida compulsoriamente para a área da Saúde;

– Compondo esse cenário de perseguição e arbitrariedade, encontra-se o caso do dirigente Antony Devalle e dos cerca de 40 empregados que estão prejudicados pela recente e injusta reestruturação da Comunicação, que os deixou sem vagas. (futuramente detalharemos esse caso).

– A demissão da médica da Transpetro, Jussara Pires Vieira de Souza “por justa causa”, após ter passado por um processo de assédio moral. E pasmem, sabem qual foi a causa justa? Ter realizado uma avaliação técnica em que reconhecia o assédio moral sofrido por outro trabalhador da Transpetro. Logo ela foi advertida verbalmente, retirada da coordenação do Programa Médico de Saúde Ocupacional e, após adoecer em função do assédio, ao retornar da licença médica foi demitida “por justa causa”. Alguém consegue explicar onde foram parar a suposta meritocracia e o discurso da supremacia do conhecimento técnico?

Ou seja, a gestão Bolsonaro, Mourão, Castello Branco, Claudio Costa, através de seus gerentes subordinados submissos, quer subordinar a técnica às suas políticas prejudiciais para a empresa e para o país; querem também, assim como o é em uma ditadura, coibir e coagir as idéias divergentes e anular a organização dos(as) trabalhadores e trabalhadoras. Mas é importante reforçar que tais tentativas arbitrárias e absurdas, têm servido para a categoria petroleira muito mais como um fator de revolta e de desgaste dessa gestão do que de intimidação. Por exemplo: nossa iniciativa de um abaixo- -assinado contra as perseguicoea politicas na Petrbras ja contam com mais de mil assinaturas.

Por fim, está chegando o momento de uma greve petroleira para que os atuais gestores conheçam efetivamente esta categoria, sua história e capacidade de luta e que percebam na prática que as coisas não podem ser do jeito que desejam, apesar do sonho político- liberal de Castello.

Versão do impresso Boletim CXV

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