COVID-19: casos disparam, atendimento de saúde colapsa e Petrobrás mira no trabalhador

Manutenção do trabalho presencial de atividades não essenciais frente ao cenário caótico em que vivemos é irresponsável

Basta uma simples leitura das manchetes dos jornais e sites para ver que crescem as filas em hospitais, sendo que no Rio de Janeiro os casos diários saltaram de 21 para mais de 450 em duas semanas (https://oglobo.globo.com/rio/casos-diarios-de-covid-19-no-rio-saltam-de-21-para-mais-de-450-em-duas-semanas-1-25340535) , e que a Prefeitura do Rio, inclusive suspendeu o carnaval de rua de 2022. Dentro dos prédios recém reocupados em sua totalidade, são comuns relatos de pessoas contaminadas. Para o sindicato, chegam denuncias de surtos de contaminação em determinados setores.

A Petrobrás, que retornou seu contingente máximo em janeiro no meio de um surto nacional de COVID-19, age indiferente: não só aumentou a concentração de pessoas como retirou medidas básicas de saúde como a medição de temperatura, qualquer testagem, fiscalização de máscaras ou mesmo disponibilização destas (para conseguir uma máscara é necessário se dirigir até a recepção, dar nome e matrícula e mesmo assim não existe nenhuma sinalização disso), sinalização para evitar aglomerações no elevador, higienizações regulares das estações de trabalho, entre outros. É uma lista corrida que mostra que, mais do que omissão, há um projeto em andamento com o aval do “setor de saúde” da empresa – aliás, a empresa inclusive entendeu que poderia extinguir a EOR já que não é mais necessário uma força tarefa de combate à COVID-19

Se hoje as pessoas de grupo de risco e PCD estão preservados do retorno e esse retorno se dá de forma mediada (somente dois dias por semana) é tão somente pelo sindicato que obteve estes critérios na justiça. Pela empresa, teríamos pessoas de grupo de risco ocupando andares cada vez mais cheios.

Sistema de atendimento à saúde da empresa colapsa

Como não poderia deixar de ser, o aumento de solicitações decorrente do surto, aliado ao retorno presencial (o que faz com que as pessoas recorram à empresa mais frequentemente) colapsou o sistema de atendimento à saúde da empresa. É muito comum que as pessoas aguardem o limite ou além do tempo limite de 3 dias úteis para receberem algum contato do setor de saúde após declararem seus sintomas, e quando são encaminhadas para testagem encaram filas para realizar o teste. Ou seja, uma pessoa contaminada na quarta-feira só será contactada (na melhor das hipóteses) na segunda-feira, 6 dias após o início dos sintomas, para aí então ser encaminhada para os exames.

Mostrando mais uma vez que não é só omissão, mas um projeto, a Petrobrás decidiu que o atendimento emergencial dos prédios está proibido de encaminhar diretamente as pessoas para exames, exigindo que mesmo o empregado que se apresente sintomático no atendimento do prédio tenha que fazer um “click”, o que sobrecarregou ainda mais um sistema já colapsado.

Sistema de atendimento telepresencial em colapso

Para o empregado que desiste da empresa e opta por procurar a testagem no atendimento telepresencial do Einstein (o grande trunfo apresentado pela empresa há alguns meses), a coisa não é muito melhor: após mais de 1 hora nas filas, o sistema muitas vezes cai e a chamada é cancelada, e é necessário voltar ao início da fila. Na espera, uma mensagem coloca que o sistema está sobrecarregado e não há previsão de atendimento, e que as pessoas podem reservar o atendimento mas somente se forem particular (ou seja, quem é de plano de saúde não pode agendar).

Para quem desiste de tudo isso e vai fazer um exame particular, restam as filas do sistema de saúde particular e público, todos sobrecarregados. Matéria de 07/01 mostra que o Rio de Janeiro está pedindo reabertura de leitos para COVID-19 (https://noticias.r7.com/rio-de-janeiro/rio-pede-reabertura-de-leitos-para-paciente-com-a-covid-19-07012022)

O risco da morte e o preço da teimosia

Tudo poderia ser mais simples se as pessoas pudessem se resguardar da pandemia ficando em casa. Não enfrentariam transporte público, não precisariam comer em restaurantes cheios ou em refeitórios sem janelas, não precisariam se preocupar com as crianças não vacinadas ou pessoas do grupo de risco com quem dividem suas casas. No entanto, a empresa se faz de surda e toca seu tambor, mirando suas armas para os trabalhadores.

Não é a toa que o BNDES (https://blogs.oglobo.globo.com/ancelmo/post/bndes-recua-sobre-trabalho-presencial-apos-casos-de-covid-19-entre-funcionarios.html) e a Eletrobrás (https://www.terra.com.br/noticias/coronavirus/covid-eletrobras-decide-ter-os-empregados-em-teletrabalho,f58899fd01b3aa28ef9c9a5c91fb46d1nvxvkysv.html) nesta semana convocaram sua força de trabalho a voltar ao teletrabalho permanente. Nem sequer se pode falar que é pelo lucro, pois a manutenção em teletrabalho das funções não essenciais (como os escritórios administrativos) comprovadamente conseguem manter a produtividade – inclusive a pesquisa FNP mostra que os trabalhadores na verdade trabalharam mais e de forma mais intensa durante o teletrabalho.

A teimosia da gestão da empresa em manter sua prática negacionista e não negociar com os sindicatos ou CIPAs as condições de retorno já está custando nossa saúde e, em breve, pode infelizmente custar nossas vidas.

O Sindipetro-RJ está empenhando esforços em todas as esferas pertinentes para garantir que o óbvio seja feito: ou seja, frente a um surto de COVID-19, que as pessoas sejam novamente resguardadas e retornem quando houver condições seguras. Esperamos que esse negacionismo, que agora enrola na vacinação infantil contra a COVID, engendrado pelo governo Bolsonaro na empresa dirigida pelo general Silva e Luna, seja derrubado e que a sensatez prevaleça em ações que protejam de fato os trabalhadores, próprios e terceirizados, à exposição a nova variante ômicron.

Convocamos os trabalhadores a pressionar a empresa pela suspensão do trabalho presencial enquanto houver o surto da ômicron. Também, não se esqueça de assinar o abaixo-assinado contra o retorno:

[abaixo-assinado https://forms.gle/R3gu2Z5gQqynWtnz6 e enquete  https://forms.gle/r5PV2Hkg3ZcLVi2P8  ]

Também orientamos os trabalhadores a emitirem CAT caso tenham tido COVID-19 após trabalharem na empresa (ou seja, em que haja possibilidade da contaminação ter ocorrido no local de trabalho). Veja as orientações em https://sindipetro.org.br/sindicato-orienta-a-emissao-de-cat-para-quem-for-contaminado-no-local-de-trabalho/

Procure a comissão de base do seu local de trabalho, reúna os colegas da categoria para apurar e evidenciar esses e outros absurdos, mobilize-se!

Link filiação sindical )https://sindipetro.org.br/filiacao/ )

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