COVID-19 uma realidade na REPAR

Direção da empresa segue os passos do governo de Bolsonaro e esconde números

Segundo o jornal paranaense, Gazeta do Povo, o Sindicato dos Petroleiros do Paraná e Santa Catarina (Sindipetro) divulgou uma nota pública na última sexta-feira (5) para cobrar “medidas urgentes” sobre os casos de COVID-19 na Refinaria Presidente Getúlio Vargas da Petrobrás, a REPAR, que está localizada em Araucária, na região metropolitana de Curitiba.

O Sindipetro local destacou que já são 92 trabalhadores da REPAR infectados por coronavírus. O número foi divulgado durante a semana pela prefeitura de Araucária: dos 92, 48 são moradores da cidade.

Procurada pela Gazeta do Povo neste sábado (6), a Petrobrás disse ao jornal, que a companhia tem atualmente 217 empregados próprios (excluindo terceirizados) com confirmação para COVID-19 e em tratamento, dentro de um universo com mais de 46.500 empregados próprios. “Todos são monitorados por equipes de saúde da Petrobrás e a companhia atua junto às empresas prestadoras de serviços para que também monitorem seus colaboradores. A companhia não informa números por unidade”, continua a nota.

“Omitindo dados”

Em reunião em 14 de maio, a Estrutura Organizacional de Resposta (EOR) informou à FNP que a direção da Petrobrás omitiria as informações sobre os óbitos e sobre os terceirizados para preservar dados de privacidade e para poupar a imagem da empresa. Logicamente, ninguém quer expor petroleiros e familiares, porém é direito do sindicato, receber todas as informações para não apenas acompanhar as ocorrências, mas proceder todas as providências cabíveis e necessárias para defender a vida dos petroleiros.

Por isso, o Sindipetro-RJ ingressou com uma Ação Civil Pública para que a Petrobrás fosse obrigada a notificar regularmente ao sindicato sobre os casos suspeitos e confirmados de contágio pela COVID-19, com indicação da unidade e cargo do trabalhador. Em 22 de maio, o Sindipetro-RJ obteve uma liminar concedida parcialmente em decisão proferida na quinta (22) pelo juiz da 17ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, Igor Fonseca Rodrigues. Destaca-se que na ação, os dados foram solicitados sem a identificação nominal do trabalhador de modo a preservar sua intimidade e privacidade. A ação também requer que seja emitida CAT para os casos confirmados.

A concessão da medida liminar contribui para uma atuação mais efetiva do sindicato na defesa pelo direito fundamental dos trabalhadores à saúde e a um ambiente saudável, seguro e higiênico, conforme assegurado pela Constituição Federal, e permitirá um mapeamento adequado da situação da COVID-19 em cada uma das unidades de sua base territorial, identificando situações de contaminação e fiscalizando as medidas profiláticas mais adequadas a cada uma das unidades. Quanto à emissão da CAT, o juiz,após analisar a manifestação da Petrobrás, irá se pronunciar sobre o tema.

Sindipetro-RJ prepara seminário sobre o contexto da COVID-19 na Petrobrás

O Sindipetro-RJ está em vias de realizar o seminário “COVID-19, Greve Sanitária, ACT e a defesa da Petrobrás e dos petroleiros”. O objetivo do seminário será debater temas relacionados à COVID-19 no setor do petróleo, à mobilização em defesa da vida, à perspectiva da Greve Sanitária, à defesa do ACT, à luta pela Petrobrás integrada e estatal, aos direitos dos trabalhadores próprios e terceirizados, ativos e aposentados, do sistema Petrobrás e das empresas privadas.

O foco é apresentar um quadro real e o mais completo possível para os trabalhadores, diferente do que a direção da Petrobrás tem apresentado com omissão inclusive de dados sobre a COVID-19. E criar a possibilidade de reunir informações para a mobilização e a luta da categoria.
De acordo com os dados publicados pela OMS nesta segunda (08/06), o Brasil já ocupa a triste posição de terceiro lugar em número de mortos (35.930) pela COVID-19, atrás apenas do Reino Unido (40.465) e dos EUA (109.746). No entanto, uma vez que o governo Bolsonaro assumiu e institucionalizou uma política de omissão de informações, talvez o país ocupe na verdade o segundo lugar neste ranking de mortes.

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