Energia que não transforma e a mentira que não cola

Petrobrás distribui vídeo anunciando o paraíso, quando a realidade é de um apagão nas iniciativas de apoio a projetos ambientais e sociais

 

A direção da Petrobrás distribuiu um vídeo institucional de um minuto que circula nas redes, mostrando suas ações na busca de emissão de carbono neutro, preservação ambiental, subsídio de gás de cozinha, apoio a projetos sociais. Seria tudo isso bom e politicamente correto se ela não mentisse tanto. Aliás , a mentira é uma marca do governo Bolsonaro e, atualmente da gestão da Petrobrás, senão vejamos.

A busca de emissão neutra de carbono poderia ser maior se a direção não abrisse mão da Petrobrás Biocombustíveis (PBIO) que está sendo privatizada sob a lógica do programa de desinvestimento da empresa como já fez com seus parques eólicos ou se omitiu à disputa do mercado do álcool. Os programas de preservação ambiental e da fauna marinha são deixados de lado como o projeto Tamar, que depois de 40 anos deixou de receber apoio da empresa. A preocupação, de fato, é ganhar dinheiro independente do mercado de carbono ou da preservação ambiental.

Segundo um levantamento feito pelo ILAESE, para o Observatório Social da Petrobrás (OSP), nos últimos 2 anos, a partir do aprofundamento da privatização da empresa, a situação dos vazamentos passou a ser alarmante. Em 2019, como indica os relatórios de sustentabilidade da própria empresa, o volume vazado de petróleo e derivados registrado foi de 415,3 m³, em um total de 17 vazamentos. Em 2020, o total foi de 216,5 m³, equivalente a cerca de 1.365,5 barris oriundos de 6 vazamentos. Os impactos desta disparada nos vazamentos são significativos e não podem ser minimizados como a direção da Petrobrás de Bolsonaro tenta fazer com o vídeo em discussão.

 

O tão propalado subsídio do gás de cozinha de R$ 300 milhões vem após iniciativas como do Sindipetro-RJ, com a Campanha da Solidariedade Petroleira, de subsidiar mais de 3 mil botijões de gás para pessoas mais necessitadas no Rio de Janeiro que foram afetadas com a política de Preços de Paridade de Importação (PPI) que inviabiliza a compra de um item tão necessário que hoje custa mais de R$ 100.

O que deixa de ser energia que transforma é a falta de apoio a projetos culturais que foram abandonados. Para se ter uma ideia da situação, conforme um outro levantamento , do pesquisador Gustavo Machado para o OSP, os investimentos da Petrobrás em cultura, sobretudo por meio de patrocínios de eventos e projetos artísticos os mais diversos já foram bem significativos. Em 2005 chegaram a R$ 265 milhões, e em 2020 foram de somente R$ 18 milhões. Certamente, a gestão do general Silva e Luna acaba encarnando uma política “Pinóquio” que produz contos mentirosos.

Confira o montante investido em cultura nos últimos 15 anos.

 

O que se pode dizer é que atualmente a energia da Petrobrás está sendo transformada em lucros para seus grandes acionistas. Uma prova disso é o anúncio , no plano estratégico de negócios 2022-2026 , da intenção de pagar o montante de US$ 70 bilhões (cerca de R$ 399 milhões) em dividendos para acionistas, enquanto direciona somente US$ 2,8 bilhões (cerca de R$ 16 bilhões) para reduzir a emissão de gases do efeito estufa.

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