FNP 2023 – Um congresso vitorioso, mas com resoluções contraditórias 

Análise crítica

A categoria mobilizada saberá construir a luta com independência e unidade

A maioria das teses ressaltou a busca da unidade da categoria pela base, bem como reafirmaram a necessidade da independência em relação a qualquer governo ou patrão. 

As resoluções aprovadas, entretanto, não apontam para o mesmo caminho e colocam em risco esta tradição da FNP, entrando em contradição com as propostas aprovadas no Congresso do Sindipetro-RJ.

Pressupõem que o papel do  sindicato deve ser apoiar o governo para aplicar o programa da Frente Ampla e visar apenas a ultradireita como agente do capital, secundarizando a defesa da pauta dos trabalhadores e a necessidade de enfrentar os ataques destes ou de quaisquer governos ou patrões.

Comprometemos nossa independência se priorizamos aderir a uma campanha de governo que tenta convencer a população que simplesmente tirar Campos Neto ou baixar a taxa de juros (o quê, obviamente, também desejamos) irá trazer comida para a mesa do trabalhador, sem lembrar que o Arcabouço Fiscal é a outra face da mesma moeda. 

Ou afirmar que o fim do PPI é uma vitória sem dizer que a nova estratégia comercial da Petrobrás simplesmente não prevê o fim do PPI para o GLP e, na prática, os preços continuam nos patamares do PPI, porque estavam acima deste antes e continuam vinculados ao mercado internacional e não aos custos de produção, como todos esperávamos.

Da mesma forma, ao defender, corretamente, como todas as teses apresentadas, a unidade da categoria – esteja o trabalhador representado pela FNP ou pela FUP – as resoluções aprovadas “esquecem” de dizer que não basta sugerir ap mesa única, comando único ou pauta única, se não explicamos para toda a categoria que isto jamais será possível se a direção da FUP, que agora está mais do que nunca dos dois lados do balcão, não for obrigada a mudar sua postura.

Ao embelezarem quaisquer medidas da gestão e dedicarem-se a elogiar até promessas longínquas, podem passar uma ideia errada para a categoria, pois apenas iniciamos a luta. 

Não retomaremos os ativos vendidos ou nossos direitos se não estivermos prontos para a luta e deixarmos nítido contra o que lutamos, recusando-nos a priorizar interesses partidários em detrimento da pauta dos trabalhadores. 

Críticas feitas, consideramos o congresso da FNP uma instância de debate vivo, democrático e representativo, mais uma vitória de nossa Federação e de toda a categoria, ao passo que apostamos no debate franco e amplo, na força da mobilização e na pluralidade e democracia interna da FNP e das assembleias de base para conduzir o movimento no rumo certo, fazendo os ajustes necessários ao calor da luta.

Conheça algumas importantes resoluções aprovadas
A Resolução completa será disponibilizada em breve

  • exigir do governo Lula o fim do PPI para os preços do gás de cozinha e a aplicação de preços acessíveis para a classe trabalhadora na gasolina, diesel e demais derivados, organizando um novo Dia Nacional de Gás de Cozinha a Preço Justo, para demonstrar que a continuidade da política de enriquecimento de acionistas via distribuição de dividendos bilionários e Liquigás privatizada, segue massacrando os mais pobres;
  • a incorporação da FNP à Plenária Social e Popular com a Campanha contra o Arcabouço fiscal e o Marco Temporal;
  • o combate, dentro e fora da Petrobrás, não apenas ao bolsonarismo e à extrema-direita, mas também ao liberalismo;
  • contra a privatização da LUBNOR e todo apoio à luta na Braskem;
  • denunciar o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) como uma agência da privatização que transfere os recursos do Estado brasileiro para os grandes capitalistas;
  • incorporação da FNP à Plenária Social e Popular com a Campanha contra o Arcabouço fiscal e o Marco Temporal;
  • intensificar o combate à opressão, aos assédios moral e sexual e a luta pela igualdade de gênero;
  • constituir o Coletivo LGBTIA+ da FNP;
  • articular com Coletivo de Mulheres e representantes de demais grupos de afinidade elaboração de planos de ação para efetiva implementação de políticas de direitos humanos nas empresas.

Fique de olho: na próxima terça (25), o Sindipetro-RJ divulgará calendário de assembleias para:

  1. debater as conclusões do XIV ConFNP;
  2. aprovar desconto assistencial para financiar a campanha do ACT e fundo de greve;
  3. Referendar a pauta reivindicatória, bem como discutir os primeiros passos para nossa mobilização.

Conheça alguns dos pontos da Campanha Reivindicatória: https://sindipetro.org.br/reconstruir-petrobras-recuperar-direitos/

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