Matéria do Sindipetro-RJ sobre gestão punitiva no CNCL amplia o debate sobre o assunto

Após a publicação no site do Sindicato da matéria “CNCL: A culpa é da gestão II” (https://sindipetro.org.br/cncl-a-culpa-e-da-gestao-ii) no dia 05/11, houve forte repercussão na Transpetro com retorno muito positivo por parte dos trabalhadores

Muitos falaram que há vários problemas ainda a serem tratados, mas o tema abordou o que mais tem prejudicado a ambiência no CNCL atualmente: a abordagem punitiva da gestão.

Alguns informaram que não tinham ciência de tamanha quantidade de situações que estavam ocorrendo com outros operadores, por fazerem parte de grupos de turnos diferentes, mas já tinham ouvido falar de uma ou outra situação.

Comentários revelaram mobilização e outros graves problemas

“A diretoria de logística tem que intervir logo no CNCL ou estará sendo conivente com esse tipo de gestão.”

“Já sabia que ia dar nisso. Os gestores e seus subordinados imediatos são escolhidos pela capacidade punitiva e não por competência. Tornaram- se posições meramente políticas.”

“O sindicato foi muito feliz em colocar uma matéria com essa temática. Sinto esse clima punitivo no setor, mas sempre que comento sobre isso meu gestor diz que não existe isso aqui.”

“O Sindicato tem que ficar ainda mais atento, porque agora irão querer punir com mais intensidade os operadores.”

“São obrigados a assinar os RTA com a versão da gerência. Os CTO e a gerência procuram onde podem nos responsabilizar pelos eventos operacionais, montam uma narrativa, a gerência aprova e têm de apresentar o caso em ‘Powerpoint’.”

“Enchem os procedimentos de detalhes e ficam caçando a ‘vírgula’ que não foi cumprida. Além do mais, há um monte de IO (Instruções Operacionais) que nunca viram procedimentos, mesmo depois de anos de validade. Isso faz com que os documentos fiquem concentrados em dois sistemas diferentes, o que dificulta a consulta rápida em caso de uma emergência. Sem contar que os endereços das IOs ficam alternando de caminho.”

“Um colega teve que apresentar uma ocorrência, na qual foi responsabilizado, a vários gestores. Era uma sala de vidro dentro do CNCL e no horário administrativo. Foi um grande constrangimento para o colega que estava apresentando e para todos os operadores em horário de trabalho, os quais sabiam que a apresentação era sobre uma ocorrência operacional em que fora considerado culpado. Nunca havíamos passado tamanha humilhação.”

“O sindicato foi muito feliz em colocar uma matéria com essa temática. Sinto esse clima punitivo no setor, mas sempre que comento sobre isso meu gestor diz que não existe isso aqui.”

“Alguns consoles têm suas telas voltadas para a sala onde ficam os gerentes. Há um anteparo de vidro transparente e os operadores ficam de costas para essa sala. Naquela parte não há tranquilidade alguma para se trabalhar. Parece que estão sobre vigilância permanente dos gestores que ficam procurando ‘falhas’ no nosso comportamento, fora a vigilância das três câmeras instaladas dentro da sala de controle.”

“O CSO não dá suporte apenas para detecção de vazamentos, mas acumula várias funções paralelas a essa atividade.”

“Há uma coordenação específica para gestão centro de controle, porém suas atividades voltadas para a melhoria do CNCL são uma incógnita.”

“Para mim, é evidente que a gestão não está preocupada com prevenção, mas com sua própria posição e em não se responsabilizar por qualquer evento. É para isso que montam esses relatórios e fazem o operador assinar. É tudo orquestrado.”

Não ao modelo privatista

A título de entendimento do que se passa no CNCL, vemos que a teoria administrativa utilizada pela gestão é a teoria X de Douglas McGregor (1962) ou Teoria da Mediocridade das Massas, sendo um conceito que aborda a gestão de pessoas partindo-se do princípio de que os funcionários consideram o trabalho um fardo e precisam ser constantemente coagidos, ameaçados ou punidos para haver a efetiva atividade laboral. É uma prática totalmente oposta da teoria Y, que considera que os trabalhadores são estimulados através de reconhecimento e pela própria satisfação pessoal, não somente por sistemas de recompensa monetária. Fica evidente que é uma opção de gerir o setor ou a empresa, em última análise, de uma forma em detrimento da outra, já que uma empresa do porte da Transpetro não colocaria gestores aventureiros nos seus quadros, dado que os ocupantes de funções gratificadas são escolhidos a dedo.

Como forma de ampliação do entendimento, também apresentamos passagens do livro “O Gerente-Minuto” (de Kenneth Blanchard e Spencer Johnson) que, apesar de abordar a gestão dentro da própria lógica de produção capitalista, critica a forma de gestão punitiva. A parábola sobre o que seria um gerente eficiente tem trechos bem interessantes tais como “Na maioria das empresas, a fim de se qualificar como gerente competente, o chefe tem que ‘ flagrar’ algumas pessoas cometendo erros. (…) Este é o mais popular de todos os estilos de liderança. Nós o chamamos de estilo deixe-o sozinho e depois caia em cima dele. Deixamos a pessoa sozinha, esperando bom desempenho dela e, quando não o obtemos, a punimos”.

O Sindipetro RJ entende que a atual conjuntura requer bastante comprometimento dos gestores quanto à administração das empresas que têm sido alvo dos ataques privatistas. Não se pode alimentar o fantasma da privatização e dar margem aos julgamentos nocivos infundados que fortalece o entreguismo deliberado.

Como comentou um dos trabalhadores, “logo, logo, segundo a pirâmide de Bird e sem as melhorias necessárias haverá um evento com fatalidade e irão culpar o operador.”

Destaques