Caminhoneiros anunciam nova paralisação para o dia 25 de junho

Os caminhoneiros autônomos vão realizar novamente uma grande paralisação no próximo dia 25 de junho (segunda-feira) contra a política de preços praticada pela direção da Petrobrás e contra o governo federal que não cumpriu o acordo de redução em R$ 0,46 do preço do diesel. O presidente da Associação Nacional de Transporte no Brasil Liberdade e Trabalho, uma entidade que representa os caminhoneiros autônomos, José Roberto participou nesta terça (19) da plenária do Movimento Unificado Pela Redução do Preço dos Combustíveis e do Gás de Cozinha que aconteceu no auditório do Sindipetro-RJ, e conversou conosco sobre a situação da categoria, explicando as razões da nova paralisação.

Sindipetro-RJ – O Governo Federal não cumpriu o que havia prometido quando do histórico movimento que parou o Brasil em maio, exigindo redução do preço do diesel?

JR – Infelizmente, o Governo fez algumas promessas para a classe, que há tempos reivindicava a redução do preço do diesel, mas como sempre, de novo, o governo não cumpriu o prometido. Até o momento, após 15 dias após a paralisação, ninguém está vendendo ao caminhoneiro o diesel com o preço reduzido em R$ 0,46, conforme havia sido prometido. E por isso, a categoria dos caminhoneiros autônomos vai realizar uma nova paralisação a partir da meia-noite de domingo para segunda-feira, dia 25 de junho.

Sindipetro-RJ – É preciso separar o joio do trigo. Qual o papel dos donos de empresas de transporte no movimento dos caminhoneiros?

JR – Na verdade, essas empresas usam a mão de obra de nós caminhoneiros autônomos que acaba por ser “prostituída” no mercado. Então eles usam politicamente  a categoria, alegando que são donos da maioria da frota de caminhões, o que é uma inverdade. Na realidade, 70% da frota nacional é de propriedade dos caminhoneiros autônomos. A ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestre) tem um levantamento, em que diz que ao final de 2017, que existe no Brasil um total de 1.329.390 veículos transportadores de cargas para terceiros no Brasil, sendo que desse total, 417.957 são de registro de transportadores autônomos, 71.227 são de empresas de transporte e 203 são de cooperativas. São 610.944 veículos de transportadores autônomos, 708.405 veículos de empresas e 10.041 de veículos de cooperativas.

Sindipetro-RJ – Qual é a realidade dos autônomos quando se trata da negociação de preço de serviços a essas empresas que utilizam a mão de obra de vocês?

JR – Funciona assim, a transportadora fecha o contrato com o embarcador, tirando a comissão repassando para os autônomos. Um exemplo: é fechado um contrato de R$ 10 mil e é repassado para os caminhoneiros autônomos valores que variam entre quatro e cinco mil reais. Ou seja, essas empresas acabam por praticar uma espécie de agiotagem em fazendo esse agenciamento.

Sindipetro-RJ – Como a atual gestão da Petrobrás está prejudicando a vida de vocês, aliás, não é só o preço do diesel que acaba prejudicando, é também o preço do botijão de gás de cozinha, de forma essa política de preços praticada pela companhia afeta a categoria?

JR  – Como todo o brasileiro, compramos gás de cozinha e gasolina e outros derivados também. É óleo, graxa, é o alimento que é feito com gás. Antes de sermos caminhoneiros, somos brasileiros, e sofremos também como o restante da grande população. A população acaba refletindo, como neste caso do desconto do diesel, por exemplo, quando diminuem o preço,mas quem paga é a população que deixa de ter recursos para aéreas importantes como a Saúde, que sofre também com esse absurdo de aumentos diários constantes. Se os trabalhadores da Petrobrás entenderem, como a grande população, em apoiar  essa paralisação o objetivo é diminuir o custo de vida das pessoas, para que verdadeiramente o salário mínimo da nação seja valorizado.

Sindipetro-RJ  – É importante a solidariedade de outras categorias, a unidade?

JR – Sim, é muito importante. Por mais fortes que possamos nos mostrar com esse movimento, sendo o eixo. Precisamos dessas outras engrenagens que são as outras classes de profissionais do Brasil. Metalúrgicos, metroviários, taxistas, aeroviários, petroleiros, motoboys, enfim. O eixo principal é o transporte, mas todas as outras categorias, pessoas honestas, que pagam impostos, que não aguentam o atual estágio das coisas precisam entender que precisamos criar uma união contra essa política que está sendo colocada em pratica por este governo. Para você ter uma ideia, o nosso caminhão consome em dois quilômetros um litro de diesel.

Sindipetro-RJ – Como relacionar a luta do caminhoneiro autônomo com a luta do petroleiro?

JR  – Ninguém melhor para dizer em fatos e números  reais sobre o que está acontecendo na Petrobrás do que o próprio petroleiro. Se o país tem realmente autonomia e se o petróleo que produzimos é suficiente para nós brasileiros, por que então ficar comprando petróleo e derivados dos EUA a preços absurdos?  Não tem sentido. A cada refinaria  da Petrobrás que tem sua produção reduzida ou que é fechada aqui no Brasil só faz acentuar essa situação  de aumento de preços dos combustíveis, e cada vez que isso acontece quem paga é o consumidor final, independentemente de classe e ramo de transporte. Pois quando o cidadão for ao mercado comprar sua comida vai perceber que todo mundo igual, e que está sendo prejudicado da mesma forma com a alta dos preços.

Sindipetro-RJ – Com a paralisação já agendada para o próximo dia 25 de junho, qual o recado para o petroleiro?

Petroleiros de todo o Brasil, como representante da ANTB e da categoria dos caminhoneiros autônomos de todo o país, conto com o apoio de todos companheiros trabalhadores da Petrobrás que participem conosco nesta paralisação do dia 25, a partir de meia-noite, para que possamos fazer alguma coisa para mudar esse estado e coisa e o futuro do país. Contamos com o apoio de vocês.

Confira o vídeo da entrevista:

https://www.facebook.com/sindipetrorj/videos/2340705949304836/?t=3

 

 

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