Num passe de mágica, FUP indica aceitação da proposta e alinha discurso com RH

Às custas do seu direito, do bem estar de sua família, caro petroleiro ou petroleira que está lendo esta nota, em troca de, literalmente, meia dúzia de liberações para seus dirigentes, a FUP escancarou seu modus operandi.

Não à toa, recusou-se terminantemente à mesa única, sob insustentáveis argumentos.

Não à toa, já havia deixado a entender que negociação mesmo se faz nos bastidores, fora dos holofotes dos seus representados.

Já havia escancarado também que sua prioridade – e inclusive iria utilizar a nossa mobilização para isso – era a campanha eleitoral, eleger os candidatos “de seu interesse”.

Assim mesmo, sem sair de seu controle e, por isso, não falava em greve. Aliás, para fechar com maestria as narrativas descabidas, a FUP declarou, dia 06/09, que não fez greve para “evitar o golpe no 07/09”…

Quem levou um golpe, naquela noite, foi a categoria petroleira, com o indicativo de aceitação publicado pela FUP.

Nada disso é especulação, são declarações de seus principais dirigentes.

E assim chegamos à situação atual.

Após a tal reunião do dia 5, seguiu-se um embelezamento da proposta da Petrobrás que, até o dia anterior, era inaceitável. Uma “ajuste” nitidamente construído a 4 mãos para engabelar a categoria, seguida por uma narrativa fantástica.

No artigo 6 FALÁCIAS SOBRE A PROPOSTA RH-FUP (https://sindipetro.org.br/falacias-proposta-rh-fup/ ) desmontamos ponto-a-ponto a narrativa da negociação bem sucedida, vale a leitura.

Mas o interessante é ver o método de construção da proposta, a moeda de troca, os detalhes sórdidos.

Para o que a Petrobrás recusou-se a modificar, uma colaboração na modificação inócua de textos e promessas:

– a redação da cláusula de segurança no emprego que não muda absolutamente nada, mas que o jurídico da FUP garantiu que sim, por duas vezes, segundo sua direção;

– a redação da cláusula do turno de 1×1 que só piora, não melhorando em absolutamente nada; e

– na AMS nem dava pra alterar a redação, então um jeito foi mandar um “GT” como grande conquista.

E o que a Petrobrás modificou?

Primeiro, a manutenção da Mestra Nacional do CNCL, uma base pequena, no RJ, base da FNP, que protagonizou uma greve heroica que conseguiu barrar o ataque da proposta anterior. Aí vem a direção cara de pau da FUP tentar dizer que a vitória foi fruto do seu grande poder de blá-blá-blá. Inacreditável!

Segundo, a barganha da manutenção do acordo do NF, mediante a exclusão das bases da FNP. Pesou mais o interesse próprio que a possibilidade de estender o direito para todos os embarcados do Brasil.

Terceiro, o gran finale, num milagre matemático, as 9 liberações totais destinadas a cada federação, da proposta anterior, transformaram-se em mais 7 pra FUP e menos 4 pra FNP, ao invés de 9×9, a proposta foi desequilibrada, num claro conchavão RH-FUP, para 16×5. A direção bolsonarista da Petrobrás escolheu um lado no movimento sindical, absurdo!

O RH ainda chegou a propor modificar a proposta, aumentando as liberações para a FNP, mas sem atender ou mediar nenhum item de nossa contraproposta, em troca de indicarmos a aceitação da proposta para as assembleias.

Até aí, o RH patronal está fazendo o papel dele. Mas é aquilo, para alguém conseguir comprar alguma coisa, essa coisa tem que estar à venda…

A última e melancólica publicação da FUP (https://bityli.com/fMAqUfv), citando Fabrício Pereira Gomes, em que o RH reconhece a força das assembleias (e por isso mesmo dizemos que é nitidamente possível avançar!) diz mais sobre a FUP do que sobre o RH…

Por falar em gerente de RH, tenha o desprazer de ler o trecho abaixo

“Eu não sou coveiro”

O dia 05/09 ficará na história não só pelo escancaramento dos bastidores deste setor do movimento sindical, mas também por um lamentável episódio

Quem não se lembra da reação de Bolsonaro frente à morte de milhares de brasileiros? Pois bem, o atual chefe do RH, Fabrício Pereira Gomes, subordinado ao Gerente Executivo do RH, Juliano Mesquita Loureiro, da maior empresa da América Latina, frente à morte, por COVID-19, de um petroleiro negligenciado no seu desembarque, se comporta de forma parecida.

Em homenagem ao companheiro e para chamar atenção sobre as condições de SMS na Petrobrás, a FNP propôs um minuto de silêncio antes de iniciar a reunião de desnegociação. Para o espanto de todos e apesar de toda a sua equipe ter se levantado e se entreolhado, Fabrício permaneceu sentado, fez questão de se enfrentar com o minuto de silêncio, uma profunda demonstração de desrespeito e desumanidade.

Um espécime perfeito para ocupar o cargo de gerente de Recursos Desumanos bolsonarista.

POR TUDO ISTO É NECESSÁRIO REJEITAR A PROPOSTA NAS BASES DA FUP E DA FNP PARA AVANÇARMOS NESSA CAMPANHA POR DIREITOS, SALÁRIO, REDUÇÃO DOS PREÇOS DOS COMBUSTÍVEIS E CONTRA AS PRIVATIZAÇÕES.

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