Lutas contra privatização e desinformação precisam ser intensificadas

Por Rosa Maria Corrêa

Sindipetro-RJ contesta ataques de Paulo Guedes e mídia empresarial aos funcionários de estatais

Com o objetivo de justificar privatizações defendidas por Paulo Guedes, o governo Bolsonaro divulgou, na segunda (01), um documento inédito: Relatório de Benefícios das Empresas Estatais Federais (REBEF) de 84 páginas produzido pela Secretaria Especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados do Ministério da Economia.

A lista traz salários e benefícios (abonos, adicionais, ausências autorizadas, auxílios e estabilidade) de funcionários de 46 empresas de controle direto da União: REBEF-2020

Principalmente por parte da mídia empresarial e de economistas defensores do privatismo, os dados estão sendo analisados pontualmente, sem a devida reflexão de que os benefícios, por exemplo, significam conquistas dos trabalhadores que ajudam a construir e a manter as empresas em crescimento constante como é o caso da Petrobrás, Eletrobrás e BNDES, as quais oferecem cobertura de despesas com a educação dos dependentes dos funcionários.

De quem é o salário de R$ 106 mil na Petrobrás?

Ao apresentar a listagem por empresas, o documento publiciza os dados da Petrobrás a partir da página 71. A menor remuneração é de R$ 1.510,00 contra a maior que é de R$ 106.189, 00. O que o documento não mostra é quantos recebem cada uma e no caso da maior quem tem essa remuneração nos quadros da empresa. Enquanto alguém recebe mais de R$ 100 mil por mês, os brasileiros estão sendo massacrados com a política de preços dos combustíveis haja vista a greve dos caminhoneiros que explodiu na segunda (01) e o retorno ao uso de lenha para cozinhar alimentos pela camada mais vulnerável da população.

Em junho de 2019, repercutimos um estudo do petroleiro Marcelo Gauto que comparou salários e benefícios na Petrobrás com os de empresas do mesmo ramo e porte como Shell, BP, Equinor e Total através de informações divulgadas nas próprias páginas das empresas. Conheça a matéria e gráficos: https://sindipetro.org.br/desmistificando-com-numeros-a-lenda-de-quem-trabalha-na-petrobras-e-maraja/

Conclusão de Gauto: o gasto da Petrobrás com salários está na média das demais companhias de petróleo e as oscilações acontecem por alterações no número de empregados, custeio e faturamento. Claro que nessa análise, levou-se em conta trabalhadores, aqueles essenciais às petrolíferas que inclusive enfrentam situações de risco, e não os gerentões que estão na Petrobrás abocanhando altíssimos salários para perseguir trabalhadores e implantar a privatização.

Correios têm menor salário e maior lucro desde 2012

Entre os salários, chama atenção no documento a situação na Empresa de Correios e Telégrafos (ECT). O maior salário é de R$ 49.676,00 o menor salário é de R$ 1.363,00 e a média salarial marca R$ 2.580,00! Vale lembrarmos que a empresa alcançou lucro de R$ 102 milhões em 2019 e a estimativa para 2020 é de lucro superior a R$ 1 bi. Com a pandemia, os Correios tiveram papel fundamental no atendimento da população e o resultado de 2020, melhor desde 2012, desmascara o discurso falacioso dos que defendem a privatização pelo viés de que as empresas estatais causam prejuízos ou pagam salários de marajás.

A divulgação do REBEF nada mais é do que uma corrida de Guedes ao cumprimento da agenda liberal. Há tempos a avaliação da equipe econômica do governo Bolsonaro é negativa, especialmente depois que amargou duas demissões. Salim Mattar e Paulo Uebel saíram insatisfeitos por não terem conseguido emplacar as sonhadas privatizações.

O Sindipetro-RJ está de olho contra a investida de Bolsonaro na retirada de direitos dos trabalhadores e contra as privatizações das estatais.

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